Novo julgamento contra Trump é politicamente positivo ao ex-presidente, avalia especialista
Para professor de Relações Internacionais, os processos contribuem para a sua vitimização e aumento da popularidade em contexto eleitoral
Nesta semana, o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump enfrenta mais um desdobramento sobre suas pendências com a Justiça norte-americana.
Na segunda-feira (2), o tribunal de Nova York, que julga o caso de suposta fraude civil, encerrou o primeiro dia de análise do processo.
Para o professor e analista de relações internacionais, Carlos Gustavo Poggio, os processos contra Trump têm gerado um saldo político positivo ao ex-presidente. “Tudo isso tem mantido Donald Trump como destaque. Só se fala nele aqui nos EUA, mal se fala nos outros candidatos”, afirma o especialista, que mora no estado de Kentucky, região sudeste dos Estados Unidos.
Poggio explica ainda que os recentes julgamentos reforçam a narrativa de que ele tem sido perseguido, o que contribui para alavancar apoio à sua possível candidatura. A popularidade de Trump cresce à medida que as pesquisas apontam um cenário desfavorável ao atual presidente Joe Biden.
Durante o primeiro dia de julgamento sobre o caso, Trump apontou o processo como um “caça às bruxas” e afirmou que tem sofrido isso há anos, mas que “agora isso está realmente ficando sujo entre [o advogado especial] Jack Smith e entre todas essas pessoas do Departamento de Justiça que os ajudam”.
Neste cenário, o professor de relações internacionais avalia que “ele é um manipulador nato da mídia”. “Viu que era um pilar positivo para ele do ponto de vista eleitoral, pelo menos ao que concerne à sua nomeação dentro do Partido Republicano”.
Julgamento sobre fraude
O julgamento desta semana avalia um caso de fraude fiscal que também envolve seus filhos mais velhos e executivos das Organizações Trump. Supostamente, houve lucro através de práticas comerciais fraudulentas.
No primeiro depoimento, iniciado nesta segunda-feira (2), Donald Bender, antigo contabilista de Trump, testemunhou sobre documentos referentes a 2011.
Segundo Bender, a Mazars, empresa de contabilidade onde trabalhava, não teria emitido relatórios contábeis sobre a situação financeira se a Organização Trump declarasse que os números eram imprecisos ou falsos.
Ainda segundo Bender, o ex-diretor financeiro de Trump, Allen Weisselberg, assinou em nome do ex-presidente que os documentos de 2011 eram precisos.
Trump tentou suspender o julgamento, mas um tribunal de recurso estatal negou o pedido. A previsão é de que o julgamento ocorra até 22 de dezembro. O depoimento de Donald Bender deve continuar nesta terça-feira (3).
*Sob supervisão de Jorge Fernando Rodrigues