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    Alta no mercado após eleição de Biden supera a de Trump

    O índice S&P 500 subiu 10% desde o dia das eleições até o Natal, atingindo níveis históricos.

    O presidente eleito dos EUA, Joe Biden
    O presidente eleito dos EUA, Joe Biden Foto: Joshua Roberts - 25.nov.2020 / Reuters

    Matt Egan, CNN Business, em Nova York

     

    A era Biden está trilhando para ter um início eufórico em Wall Street, superando até a empolgação após a vitória do presidente Donald Trump em 2016.

    O índice S&P 500 subiu 10% desde o dia das eleições até o feriado de Natal, atingindo níveis históricos. Isso quase dobra a alta de 5,5% durante o mesmo período pós eleitoral em 2016.

    Impulsionado por ações de alta tecnologia, incluindo Amazon (AMZN) e Zoom (ZM), o índice Nasdaq cresceu impressionantes 15% desde 3 de novembro, quase o triplo do salto pós-eleitoral de 5% do Nasdaq de quatro anos atrás.

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    São retornos impressionantes, especialmente considerando que Trump avisou repetidamente que as ações iriam “quebrar” ou sofrer um crash se os norte-americanos não o reelegessem. Não tem sido o caso, nem de longe, pelo menos até agora.

    Mesmo que o presidente eleito Joe Biden possa ter direito de se gabar desde (muito) cedo, a celebração pós-eleitoral de Wall Street não é apenas – ou mesmo principalmente – por causa da vitória de Biden. Na verdade, os ganhos estão sendo impulsionados por uma sensação de alívio porque os cenários eleitorais de pesadelo foram evitados e, talvez acima de tudo, que as vacinas ajudarão a acabar com a pandemia.

    “Certamente, havia muitas preocupações antes da eleição de que ela pudesse levar a distúrbios sociais e políticos”, comentou Ed Yardeni, presidente da empresa de consultoria de investimentos Yardeni Research. “Não houve motins nas ruas. O mercado focou no fato de que o sistema constitucional ainda funciona”.

    Cardápio amplo para ações

    Os investidores também estão aliviados porque nenhuma das partes terá rédea solta para impor novas políticas abrangentes em 2021. A “onda azul” ou onda democrata, não se materializou e os republicanos ganharam inesperadamente mais assentos na Câmara dos Deputados.

    A menos que os democratas ganhem as duas cadeiras no senado em disputa de segundo turno na Geórgia, o Partido Republicano manterá o controle do Senado. Mesmo se os democratas ganharem essas disputas na Geórgia, dificilmente terão uma supermaioria. Entretanto, com uma divisão 50/50, a vice-presidente eleita Kamala Harris (cujo cargo que também lhe dá a presidência do Senado) daria o voto decisivo para quebrar qualquer impasse.

    “Tudo isso sugere que as ideias mais radicais, da esquerda ou da direita, não se tornarão lei. Isso está sendo comemorado”, disse Michael Arone, estrategista-chefe de investimentos da State Street Global Advisors.

    Os democratas, por exemplo, terão pouca chance de aumentar drasticamente os impostos sobre as empresas ou os mais ricos. É muito provável que a abrangente legislação climática de Biden seja bloqueada pelos republicanos. Apenas as iniciativas de infraestrutura têm chance de superar o impasse entre os partidos.

    Trump criticava Biden durante a campanha chamando-o “Sleepy Joe” (“Joe Sonolento”), mas muitos investidores não se importam com o fim do caos e imprevisibilidade da era Trump. O exemplo mais recente ocorreu na noite de terça-feira (22), quando Trump chocou até seus aliados ao ameaçar bloquear
    o pacote bipartidário de alívio de US$ 900 bilhões.

    “Para os investidores, este é o melhor dos dois mundos”, disse Arone sobre o resultado da eleição. “Há uma política externa e comercial mais previsível, enquanto a política interna não parece tão progressista quanto alguns dos piores temores”.

    Regaste com as vacinas

    A euforia pós-eleitoral se acelerou após a Pfizer (PFE) e BioNTech (BNTX) anunciarem em 9 de novembro que sua vacina é altamente eficaz contra a Covid-19. A Moderna (MRNA) fez o mesmo com um anúncio semelhante uma semana depois. Desde então, ambas as vacinas receberam autorização de uso emergencial da FDA, a agência do governo para alimentos e medicamentos.

    “A aprovação deu aos investidores a confiança de que há uma luz no fim do túnel”, afirmou Arone. É por isso que boa parte de Wall Street olhou para além dos casos de Covid19, hospitalizações e mortes que dispararam recentemente.

    Nem todos os mercados estão superando o desempenho pós-eleitoral de 2016. Por exemplo, o salto do Dow de 10% desde o dia da eleição está apenas um pouco à frente de seu ganho de 9% durante o mesmo período de 2016.

    O fator Fed

    É claro que o mundo da economia de hoje é muito diferente do que era há quatro anos. Naquela época, a recuperação da Grande Recessão dava sinais de envelhecimento. Os investidores acreditam que a atual recuperação está apenas começando – e eles não querem perder os ganhos do mercado (especialmente se perderam da última vez).

    “A questão central em 2016 era: como manter a recuperação em andamento?”, lembrou Nicholas Colas, cofundador da DataTrek Research. “A questão agora é que tipo de recuperação haverá após a pior recessão desde a Grande Depressão”.

    Além disso, ao contrário do que aconteceu em 2016, o Federal Reserve não está ansioso para subir tão cedo as taxas de juros que hoje estão no chão. Em junho, o presidente do Fed Jerome Powell disse: “Não estamos nem pensando em aumentar as taxas”.

    Mais recentemente, o Fed prometeu manter o pé no pedal do estímulo. Na sua reunião de dezembro, o banco central se comprometeu a continuar comprando títulos “pelo menos” no mesmo ritmo até que mais progresso seja feito na recuperação da economia.

    O cenário de política fácil do Fed está essencialmente forçando os investidores a apostar em ações. E isso é muito mais importante para os investidores do que a política.

    “Quem está sentado na Mesa do Resolute não importa para os mercados”, disse Colas, referindo-se à mesa usada pelo Presidente dos Estados Unidos no Salão Oval da Casa Branca “O que importa são as políticas”.

    Medo do derretimento

    A grande questão agora é se essa euforia saiu do controle. Não apenas as ações estão em alta, mas o mercado de IPOs também está em alta, como evidenciado pelas estreias monstruosas de DoorDash e Airbnb. Investidores estão inundando de dinheiro empresas conhecidas como SPACs (sociedade de propósito específico para aquisição).

    Mais: o mercado de fusões e aquisições está ganhando força. “Há algumas bandeiras vermelhas que sugerem que o mercado está um pouco superaquecido”, disse Arone, da State Street. “Não me surpreenderia se víssemos uma correção de 5% a 10% no primeiro trimestre. Isso seria
    saudável”.

    Yardeni também espera que o mercado esfrie. “Uma correção seria uma boa maneira de manter o mercado em alta sem um grande colapso”, disse Yardeni. “Os aquecimentos, por definição e por
    experiência, são seguidos por derretimentos. Eles são divertidos na subida e
    dolorosos na descida”.

    Em outras palavras, a maior preocupação de Wall Street neste estágio da pandemia é que as coisas podem estar indo bem demais. Em contraste, os negócios menores e fora da bolsa lutam apenas para
    sobreviver – e esperando que Washington venha ao resgate com mais ajuda.

    É mais um lembrete da recuperação em forma de K dos Estados Unidos e da total injustiça da vida econômica em 2020.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).