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    BC precisa adotar ações mais ‘agressivas’ para conter dólar, dizem economistas

    Luís Lima , Do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A pressão no mercado de câmbio deve continuar nesta sexta-feira (6), mesmo que o Banco Central (BC) adote novamente medidas para frear a alta da moeda americana. Na avaliação de economistas ouvidos CNN Brasil Business ações pontuais, como a venda de dólares no mercado futuro, são insuficientes para compensar a percepção de risco fortalecida pelo avanço do coronavírus e por dúvidas sobre o avanço das reformas econômicas no Congresso Nacional.

    “O BC está dando sinais de não estar tão preocupado com o câmbio como gostaríamos. Ao deixar subir no patamar que chegou sem uma intervenção mais forte passa a ideia de que não há muito o que fazer, e aí o mercado pode testa-lo ainda mais”, diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

    Nesta sexta-feira (6), o dólar opera em volatilidade, perto dos R$ 4,65, às 11h30. Ontem, a moeda americana neste mesmo patamar, na 12ª alta seguida, mesmo após o BC ter ofertado US$ 3 bilhões em três leilões de swap cambial tradicional, equivalente a venda de dólares no mercado futuro.  

    De acordo com André Perfeito, economista-chefe da Necton, a autoridade monetária age de maneira contraditória. “De um lado, corta a taxa de juros, que se reflete em menos dólar no país, e pressiona a alta; de outro, vende dólares, estimulando a queda. A grosso modo, dá com uma mão, e tira com a outra, o que cria um mal-estar no mercado”, explica.

    A estratégia ideal, segundo os economistas, seria a adoção de um programa de venda de dólares mais ambicioso e consistente. “Talvez valesse uma estratégia mais agressiva, oferecendo um volume bem maior de swaps”, sugere Sérgio Vale. “Seria o caso de um programa de venda de dólares programado, ao longo dos próximos dias, e não ações pontuais, como a desta quinta-feira”, acrescenta Perfeito.

    Depois de o dólar ter atingido os R$ 4,67 nesta manhã, a autoridade monetária voltou a ofertar um novo leilão de dólares, com a venda de até R$ 2 bilhões.

    Para Bruno Lavieri, sócio da 4E Investimentos, o problema não é de escassez ou de falta de liquidez no mercado. “A alta do dólar é um movimento de pânico, e independe de ações do BC. Não há muito o que fazer”, diz. Segundo Lavieri, escalada da moeda americana é mais um sintoma do que causa dos temores relacionados ao avanço do coronavírus no país. “Por ora, os reflexos são sentidos no mercado financeiro, mas pode ser que, em um segundo momento, a confiança também seja prejudicada”, diz. 

    Em relatório, o banco Santander avaliou que a escalada da moeda americana traz impactos negativos à confiança no Brasil, prejudicando a retomada econômica.

    “Se o câmbio continuar subindo ainda aumenta muito o risco de piora da confiança e quedas adicionais na expectativa de crescimento. O mercado dá um sinal de que o rumo da economia brasileira não é o mais adequado agora”, diz Vale. “O melhor sinal, na verdade, viria do Executivo, focando rapidamente nas reformas econômicas”, acrescenta o economista da MB Associados.  

    Em evento na Fiesp, na quinta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o câmbio é “flutuante”, e que se adotar as medidas corretas, ele pode cair, mas se fizer “muita besteira” atingiria o patamar de R$ 5. “(Com a as reformas), mais rápidos são retomados os investimentos, e o dólar acalma”, acrescentou. 

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