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    Após BC cortar juro, dólar sobe mais de 2% e atinge recorde de quase R$ 5,84

    Moeda americana liderou quedas globais, diante de um intenso desconforto no mercado local de câmbio ditado por juros menores

    Dólar flerta com patamar histórico de R$ 6 (06.mai.2020)
    Dólar flerta com patamar histórico de R$ 6 (06.mai.2020) Foto: Allef Vinicius/Unsplash

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O dólar voltou a disparar nesta quinta-feira (7), cravando novos recordes perto de R$ 5,90, diante de um intenso desconforto no mercado local de câmbio ditado pela combinação entre juros cada vez mais baixos, economia em colapso e persistentes incertezas políticas. 

    No fim da sessão, a moeda norte-americana fechou em forte alta de 2,39%, a R$ 5,8399 na venda. Com isso, deixou confortavelmente para trás o recorde anterior, da véspera, de R$ 5,7035. Para analistas, é questão de tempo a cotação cruzar a linha de mais uma marca psicológica, desta vez de R$ 6. 

    A redução sucessiva da Selic a mínimas históricas surtiu efeitos consideráveis sobre a moeda brasileira. Quanto menores os juros, menos rentáveis são os investimentos locais atrelados à Selic, o que torna o Brasil menos atraente para o investidor estrangeiro quando comparado a países emergentes de risco parecido.

    A cotação abriu em alta de 1,4% e acelerou os ganhos no decorrer da sessão em vez de reduzi-los. Isso indica uma pressão estrutural sobre a moeda, que deve levá-la à casa dos R$ 6 reais no curto prazo, segundo analistas. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,8715, e, na mínima, a R$ 5,7611. 

    Em nota, a XP Investimentos disse que, “no comunicado emitido logo após a reunião, o BC ressaltou a elevada incerteza do momento e afirmou que, no cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. No entanto, interpretamos que os argumentos expostos são majoritariamente ‘dovish’ (ou seja, reforçam o cenário de mais cortes de juros adiante)”.

    Também em nota, o Bradesco avaliou que o futuro da taxa “dependerá, essencialmente, da combinação de dados econômicos, preços de commodities e da resposta da taxa de câmbio ao ambiente global, doméstico e à própria queda de juros”.

    Cenário político 

    O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que vai vetar parte do projeto de auxílio aos Estados aprovado pelo Congresso que excluiu algumas categorias de servidores de regra de congelamento salarial, atendendo a recomendação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Isso ajudou a tirar o dólar das máximas a partir do começo da tarde, mas o alívio não persistiu.

    Segundo Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora, o real continuará se depreciando em função de crises políticas. “Acho que a grande questão é: qual o objetivo de um dólar a R$ 6? Qual o posicionamento da equipe econômica em relação ao pacote de ajuda a Estados e municípios? Esses fatores respondidos em conjunto pela equipe econômica poderiam dar alguma clareza e amenizar essa pressão no mercado de câmbio”, disse. 

    Antes dos mais recentes ruídos políticos, o câmbio já vinha se depreciando, sob pressão da queda constante dos diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo. “O dólar operou mais fraco no exterior hoje, mas aqui é diferente, porque, com a decisão do Copom, a tendência do dólar é ficar mais estressado”, analisou Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais.

    O Banco Central (BC) vendeu nesta quinta, em termos líquidos, US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial tradicional, valor até abaixo do ofertado em alguns dias no mês de abril.

    *Com informações da Reuters