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    Onde está Jack Ma? Magnata fica em silêncio enquanto a China endurece regras

    lendário e bilionário empreendedor e cofundador do império de tecnologia não faz nenhuma aparição pública ou postagem nas redes sociais desde o fim de outubro

    Jill Disis e Selina Wang, CNN Business, em Hong Kong e Tóquio

    Os negócios de Jack Ma estão sob enorme pressão no momento. No entanto, há meses não há notícias do lendário e bilionário empreendedor e cofundador do império de tecnologia de maior sucesso na China.

    Jack Ma não faz nenhuma aparição pública ou postagem nas redes sociais desde o fim de outubro, pouco mais de uma semana antes da tão esperada estreia no mercado de ações da afiliada financeira do Alibaba (BABA), o Ant Group, ser bloqueada de última hora pelos reguladores chineses.

    O Ant Group teve de cancelar a preparação da maior oferta pública inicial do mundo e passou a ser obrigado a reformular grandes áreas de seus negócios. Os reguladores chineses criticaram a empresa por afastar os rivais do mercado e prejudicar os direitos do consumidor.

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    Jack Ma, fundador do Alibaba, fala em evento em Paris, França 16/05/2019
    Foto: REUTERS/Charles Platiau/Foto de arquivo

    O Alibaba, por sua vez, foi investigado na China por um suposto comportamento monopolista. Na semana passada, o “Wall Street Journal” publicou que Pequim estava tentando encolher o império de Ma e potencialmente assumir uma participação maior em seus negócios, segundo autoridades chinesas e assessores do governo familiarizados com o assunto.

    Ma não estava presente na final de um show de talentos africano que ele criou, de acordo com o “Financial Times”. O jornal noticiou que, em novembro, Ma foi substituído como jurado durante as filmagens do último episódio de “Africa’s Business Heroes”, um concurso de televisão para empreendedores. Recentemente, em 12 de outubro, Ma disse que estava ansioso para conhecer os finalistas durante a final online em 14 de novembro.

    O Alibaba disse à CNN Business na segunda-feira (4) que Ma “teve de perder a final devido a um conflito de agendas” e se recusou a fazer mais comentários sobre seu paradeiro.

    O magnata se manteve discreto na China por algum tempo, disse Duncan Clark, autor de Alibaba, a gigante do comércio eletrônico: O Império Construído por Jack Ma” (editora Best Business) e fundador da empresa de consultoria em investimentos BDA China. Ele acrescentou que Pequim quer que sua narrativa sobre a IPO do Ant Group domine as conversas públicas. Além disso, que a empresa sabe que ter uma “diversidade de opinião” sobre o assunto provavelmente não ajudará em nada.

    “Mas certamente é notável, e o silêncio é um pouco ensurdecedor”, acrescentou.

    Embora Ma não ocupe mais cargos executivos ou no conselho de nenhuma das empresas que ajudou a fundar (ele deixou o cargo de presidente executivo do Alibaba em 2019) ele ainda é o maior acionista individual do Alibaba, com quase 5% avaliados em cerca de US$ 25 bilhões. O Ant Group disse em documentos regulatórios no ano passado que Ma tem o “controle final” sobre a empresa, e que sua fortuna pessoal deve inflar após a abertura de capital.

    Jack Ma também fez aparições públicas frequentes para falar sobre seu trabalho filantrópico, algo que se tornou muito importante após se aposentar do Alibaba. Sua postagem mais recente na rede social chinesa Weibo, datada de 17 de outubro, por exemplo, trouxe comentários que ele fez em um fórum educacional na China. Ma também foi um palestrante disputado em grandes eventos internacionais, como o Fórum Econômico Mundial.

    No entanto, analistas de tecnologia da China suspeitam que a última aparição importante de Ma pode ter colocado seus negócios em perigo. Em uma conferência em Xangai no fim de outubro, Ma criticou publicamente os reguladores chineses de sufocar a inovação por serem avessos ao risco.

    “O que precisamos é construir um sistema financeiro saudável, não riscos financeiros sistemáticos”, disse. “Inovar sem riscos é aniquilar a inovação. Não há inovação sem riscos no mundo”.

    Dias depois, reguladores chineses convocaram Ma e executivos do Ant Group para conduzir o que as autoridades chamaram de “entrevistas regulatórias”, e a IPO foi suspensa. O analista de mercado da Oanda, Jeffrey Halley, escreveu na época que os comentários “claramente não soaram bem nos corredores do poder em Pequim”.

    Não se sabe pelas declarações oficiais ou da empresa se Ma participou de alguma reunião sobre o futuro de seus negócios desde então.

    Embora o magnata tenha ficado fora dos holofotes, suas empresas deixaram claro que estão ouvindo o governo chinês. O Ant Group disse na semana passada que agradece a “orientação e ajuda” dos reguladores, depois que o governo falou publicamente sobre suas exigências para a empresa. Além disso, o Alibaba se comprometeu no fim de dezembro a “cooperar ativamente” com os investigadores antitruste.

    As possíveis ameaças aos negócios de Ma não se limitam somente à China. O governo dos EUA tem intensificado sua campanha contra empresas chinesas nas últimas semanas, com a chegada do fim do governo Trump. Embora o Alibaba não tenha sido um alvo específico, o nome da empresa foi citado pelo Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, no meio de 2020, quando ele insistiu que empresas norte-americanas removessem tecnologia “não confiável” de propriedade chinesa de suas redes digitais.

    A opinião pública sobre Ma na China, entretanto, azedou. Muitos dos comentários no post de Ma no Weibo em outubro tiveram um tom especialmente negativo.

    “Como sempre, trata-se de minas de recursos e cérebros”, escreveu um usuário do Weibo, comentando sobre o uso que Ma faz dessas palavras para descrever as crianças na China e a necessidade de um sistema educacional forte. “É claramente a linha de um capitalista”.

    Laura He e a sucursal da CNN em Pequim contribuíram para esta reportagem.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

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