Reforma administrativa não aborda desigualdade entre servidores, diz economista
Ana Carla Abrão disse que, ao optar por tratar apenas de novos servidores, reforma deixa de abordar ponto importante
O governo anunciou nesta terça-feira (2) que irá enviar para o Congresso sua proposta de reforma administrativa, cujos principais pontos foram adiantados pela CNN. A especialista em funcionalismo público Ana Carla Abrão, economista e socia da Oliver Wyman, disse que a escolha por tratar apenas de novos funcionários públicos não ataca a desigualdade entre os servidores de topo e da base.
“Temos que lembrar que a desigualdade salarial no serviço público é enorme. A diferença do topo do funcionalismo para servidores da educação, saúde e segurança pública é enorme. Essa massa ganha pouco enquanto temos uma elite que não respeita nem o teto salarial constitucional.”
Leia também
O que é a reforma administrativa e o que muda para os servidores públicos?
Servidores públicos preparam reação à reforma administrativa
Medida Provisória que cria novo auxílio emergencial não deverá ser votada
Ana Carla estima que, com a proposta do governo, as distorções salariais vão depender da troca de todos os funcionários públicos atuais, o que deve levar cerca de 20 anos para ocorrer.
“Ao optar por focar só no futuro, a reforma administrativa deixa de olhar o modelo atual e atacar uma série de privilégios. São penduricalhos, promoções automáticas e dispositivos que fazem com que o gasto com pessoal cresça.”
(Edição do texto: Paulo Toledo Piza).