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    O que é preciso para produzir conteúdo para redes sociais (e quanto custa)

    Pode ser necessário desembolsar um pouco de dinheiro para tornar a produção mais profissional

    Josy Ramos e Nina Gabriella dividem um estúdio para produção de conteúdo
    Josy Ramos e Nina Gabriella dividem um estúdio para produção de conteúdo Foto: Divulgação/Assessoria

    Estela Aguiar e Mariangela Castro, do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    Pensa em criar conteúdo para o Instagram ou outras redes sociais? Pode ser necessário desembolsar um pouco de dinheiro para tornar a produção mais profissional. Alguns investimentos necessários, segundo influenciadores e especialistas, são:

    • uma ring light (iluminação)
    • uma câmera (ou um bom celular)
    • espaço de armazenamento
    • cenário (se for a própria casa, pode ser necessária uma reforma).

    “É possível encontrar uma iluminação por cerca de R$ 100. Celulares intermediários também filmam com ótima qualidade”, diz Paulo Silvestre, coordenador do curso de Marketing Digital da PUC São Paulo. 

    Para quem não quer ou não pode gravar na própria casa, é possível alugar um estúdio compartilhado para geração de conteúdo. Fátima Pissara, diretora geral da agência Mynd8, sugere o studio Photo21, um coworking de geração de conteúdo. “Indicamos também a Housi, um imóvel por assinatura, que foi feito pensando em espaços instagramáveis para a produção de conteúdo”. 

    Dupla divide tudo meio a meio

    A dupla de influenciadoras Josy Ramos e Nina Gabriella estima que, ao longo de seis anos, investiram cerca de R$ 150 mil na produção de seu conteúdo. Elas trabalham juntas desde 2018, falando de moda, viagens e estilo de vida. Por causa da pandemia, a dupla pausou as viagens e aproveitou para ampliar o estúdio onde trabalham. 

    “Na época em que começamos a dividir o espaço, tudo era na sala. Depois, compramos uma câmera com guarda compartilhada. Com estúdio maior, todos os gastos são divididos 50% e 50%”, conta Josy. “Entra tudo na conta: a luz, o ar-condicionado, as cores das tintas para pintar o cenário, tudo mesmo”.

    A dupla conta com a assessoria de Jemima Haicki, que faz o meio de campo entre as influencers e as marcas. “Existem marcas que investem e reconhecem o trabalho e o resultado. Mas, no mercado, a maior parte delas não entende os custos que envolvem a produção. Por ser um mercado muito novo, não existem fontes técnicas de quanto cobrar”, analisa. 

    Agência cobra de 20% a 50% 

    Quando começam a fazer bastante sucesso nas redes sociais, muitos criadores de conteúdo passam a ser agenciados para ter ajuda com a própria produção e para o relacionamento com as marcas.

    Entre as agências mais conhecidas do ramo está a Mynd, que cuida de dezenas de influencers, como Camilla de Lucas, Preta Gil, Thelma Assis e Felipe Castanhari. A agência diz que cobra de 20% a 50% sobre os contratos assinados, dependendo de cada cliente. 

    Fátima Pissara, diretora geral da agência, conta que os criadores são orientados quanto aos investimentos necessários para produção nas redes sociais. 

    “No início, já falamos para ter uma ring light de qualidade, porque, com ela, você pode escolher luz quente ou fria. E, se a pessoa não tem uma câmera, orientamos ter um bom celular, como um iPhone”, afirma. “Também falamos sobre espaço, sobre ter um cenário condizente com o assunto tratado, ou neutro. E fazemos uma análise de concorrência do influenciador.”

    Alternativa: agente comercial

    Uma alternativa à agência de assessoria para começar a tornar a produção de conteúdo lucrativa pode ser investir em um profissional especializado em vendas. Bia Granja, co-fundadora e CCO da agência Youpix, afirma que um agente comercial pode ajudar na criação de um “mídia kit” (conjunto de materiais de divulgação), apresentação do conteúdo para marcas e conhecimento do negócio.

    “Para que o produtor de conteúdo seja um bom empreendedor, ele não deve delegar o gerenciamento de seu negócio”, diz. “Ele precisa entender exatamente seus gastos, o que ele vende, e como montar um material para vender e conseguir rentabilidade”.

    A especialista explica que, quando o contato com marcas passa a ser uma realidade, o assessor irá trabalhar a imagem do criador de conteúdo, receber as demandas e auxiliar com organização e agenda. É comum que o contato com as marcas seja feito pelo próprio produtor de conteúdo, principalmente quando ele ainda não possui uma base tão consolidada de seguidores.

    Micro influencer busca parcerias

    A jornalista Bruna Nobrega, por exemplo, tem Instagram desde 2012, mas foi só em 2018 que decidiu tornar o uso profissional. “Comecei a aprender sobre edição e harmonização de feed, utilizava hashtags, e mudei para conta pública para medir o alcance de minhas fotos”, conta. 

    Estes foram os primeiros passos da micro-influenciadora, que, em janeiro de 2021, atingiu 10 mil seguidores. Agora, uma de suas próximas metas é conseguir uma parceria paga ou permuta.

    Equipamento de produção
    Bruna Nobrega, com seu equipamento de produção.
    Foto: Bruna Nobrega / Arquivo Pessoal

    Para isso, Bruna fez um mídia kit, no qual reúne diversas informações sobre seu perfil, e oferece às marcas. “Já me mandaram camisetas com estampas de cultura pop para utilizar nos vídeos, itens de decoração e papelaria, livros e até comida. Eu faço a divulgação de tudo nos meus stories.”

    Foi também a partir de enquetes em seus stories que ela analisou seu público e os conteúdos em que tinham mais interesse. “Acho importante entender de onde vieram seus seguidores e o que eles querem ver”, comenta. Hoje, Bruna fala principalmente de viagens, cultura pop, vida pessoal e jornalismo.

    Importante: conhecer quem te segue

    Analisar os seguidores é uma das principais recomendações de Paulo Silvestre, coordenador do curso de Marketing Digital da PUC São Paulo. “Quando você decide usar as redes de forma profissional, tem que estudar, conhecer as dores de seu público, fazer investimentos, gastar tempo. Não é só sair filmando”, comenta. 

    Para o professor, essa necessidade é ainda maior ao patrocinar alguma postagem. Ele afirma que, se a intenção é atingir 50 mil pessoas, é fundamental saber quais e como são estes usuários, para que o alcance possa ser revertido em vendas e engajamento.

    “Os influenciadores precisam saber operar ferramentas de impulsionamento para ter certeza de que estão falando com as pessoas certas. Uma escolha mal feita pode fazer com que você atinja em grande quantidade usuários que não têm interesse em seu conteúdo”, diz. 

    Estudante reformou o quarto na pandemia

    Para produtores menores, o estúdio é a própria casa. É o caso da estudante Fernanda Teles. Ela começou a produzir para o TikTok, rede social chinesa de compartilhamento de vídeos. Após um ano, já acumula 10 mil seguidores. A jovem fala principalmente de música, vestibular e vida universitária. 

    “Eu sempre gostei de produzir na internet, mas parecia impossível competir com os mega influenciadores. No início da pandemia, então, baixei o TikTok por curiosidade, e depois de ver o alcance que ele traz, realmente me esforço para fazer um conteúdo de qualidade”, conta.

    Fernanda Teles, estudante e produtora de conteúdo no TikTok
    Fernanda Teles, estudante e produtora de conteúdo no TikTok
    Foto: Fernanda Teles / Acervo Pessoal

    Seu cenário é seu quarto. Por isso, nos últimos 12 meses, ela gastou mais de R$ 500 com troca de tinta, instalação de papel de parede, compra de luzes de LED e de uma penteadeira.

    Outro investimento significativo para Fernanda foi comprar mais espaço de armazenamento em seu celular para poder gravar e editar os vídeos. Segundo ela, a memória de seu celular era um problema sério. Primeiro, a estudante comprou 50 GB por R$ 3 mensais. Ao ver que não seria suficiente, decidiu comprar 200 GB por R$ 10 mensais.

    “Às vezes, são as pessoas que gastam comigo. Minha mãe me deu um suporte e uma ring light de presente. Já outro amigo me deu uma luz menor para gravar”, conta. “Eu sei que estou gastando dinheiro com algo que ainda não tenho retorno, mas faço por gosto, então acho um investimento bem feito.”

    * Sob supervisão de Natalia Flach e Maria Carolina Abe