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    Danielle Torres conta como achou o equilíbrio e chegou a sócia-diretora da KPMG

    O CNN Business pediu que quatro mulheres em diversos momentos de suas carreiras relatassem como chegaram onde chegaram e dessem dicas

    Foto: KPMG / Divulgação

    Tamires Vitorio, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Não é porque março (conhecido como o mês da mulher) acabou que as grandes histórias sobre a presença feminina em empresas devem deixar de ser contadas. Elas estão por aí —o tempo todo—, muitas vezes escondidas atrás de mesas de escritórios ou, agora, por conta da pandemia, atrás de seus computadores com seus filhos ou pets, ou os dois, esperando que alguém as ouça.  

    Foi pensando nisso que o CNN Brasil Business pediu para quatro mulheres em diversos momentos de suas carreiras relatassem como chegaram onde chegaram e quais dicas dariam para outras pessoas que querem chegar ao mesmo lugar.

    Já publicamos a história de Michele Robert, CEO da Gerdau Summit, e de Cristina Junqueira, cofundadora e atual CEO do Nubank no Brasil. Nesta semana, ouvimos Danielle Torres, sócia-diretora de Práticas Profissionais na KPMG. Na semana que vem, será a vez de Zica Assis, fundadora do Beleza Natural.

     

    Danielle Torres, trans feminina, sócia-diretora de Práticas Profissionais na KPMG no Brasil, conta das dificuldades de ser melhor num mercado dominado por homens. “Durante muitos anos, eu procurei suprimir quem sou de forma a aparentar ser o mais masculina que conseguia –uma frustrada tentativa de encaixar-me no social.” Confira abaixo seu relato.

    Cada dia é um novo dia

    “Iniciei a minha carreira no primeiro ano de faculdade de Administração, quando fui trabalhar em uma seguradora. Foi uma transição interessante ao mundo dos negócios, dado que, até então, eu possuía uma forte veia artística e considerava seriamente uma carreira nessa área.

    Logo após a minha formatura em Administração, ingressei como auditora na KPMG. Foi um período de adaptação e dedicação, em que logo percebi que precisaria retornar à faculdade, dessa vez para cursar Ciências Contábeis.

    Ser feminina em um mercado de trabalho predominantemente masculino foi a maior dificuldade que enfrentei ao longo de toda a minha carreira. Durante muitos anos, eu procurei suprimir quem sou de forma a aparentar ser o mais masculina que conseguia –uma frustrada tentativa de encaixar-me no social.

    Sentia uma necessidade de provar-me constantemente dentro da expectativa do outro sobre mim, o que me colocava numa posição de desvantagem, uma vez que era incapaz de reconhecer por mim mesma os meus talentos. De fato, levou algum tempo para eu aprender que o meu valor profissional não poderia estar desassociado da mulher que sou.”

    Apoio dentro da organização

    “A minha maior alegria é observar a quantidade de pessoas que estiveram comigo ao longo de tantos anos de jornada profissional. Foram colegas, equipes e líderes com os quais aprendi muito e que tenho conforto de dizer que possuímos admiração mútua.

    Também eu tenho um carinho especial por ter construído uma carreira sólida tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, tendo em ambos os países trabalhado em diferentes momentos da minha carreira, desde cargos iniciais até posições executivas seniores.”

    Síndrome de impostora

    “O meu ingresso na sociedade da organização não foi isento de conflito pessoal. Eu busquei demonstrar tranquilidade durante todo o processo de indicação e entrevistas, mas, dentro de mim, uma força forte parecia querer fazer com que desistisse a qualquer momento. Eu me questionava: o que já conquistei não era suficiente?

    Hoje, refletindo, percebo que, acima de tudo, eu preciso ser verdadeira com as minhas capacidades. De fato, seria estranho eu não corresponder à confiança que minhas lideranças haviam depositado em mim.

    Eu já havia prestado mais de uma década de serviços relevantes a todo um mercado e, não raro, um grupo de sócios experientes havia me indicado para a posição.

    Por vezes, acho que precisamos tomar cuidado para não nos sentirmos desconectadas de nosso próprio merecimento.”

    As dicas de Danielle

    “Eu tenho a sensação de que crescer como uma mulher dentro de uma organização envolve a busca por um constante equilíbrio. Eu quero ser a executiva perfeita, a esposa perfeita, a amiga perfeita e ter a saúde perfeita.

    A realidade é que sou humana e imperfeita. E somente consegui sair dessa posição de me cobrar em demasia e, principalmente, ser verdadeira com quem sou, quando percebi que a cada dia eu tenho a oportunidade de me aprimorar, como todos.

    E assim, o que levo para a organização hoje é o meu eu verdadeiro. Sou feminina, assertiva e extremamente profissional no trabalho que faço. Foi maravilhoso perceber que as minhas características mais verdadeiras foram, no final do dia, as mais valorizadas pela organização e mercado em que atuo. E, desde então, estou sempre pronta e segura para oportunidades e desafios profissionais que surgem.”