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    Ouro é o investimento que teve maior rentabilidade em 2020

    De acordo com ranking feito pelo banco BTG Pactual, o metal se valorizou — incríveis — 55,9% em reais

    Natália Flach, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    As incertezas com a crise sanitária e econômica fizeram com que os investidores apostassem em ativos entendidos como seguros. É isso que explica o fato de o ouro ter sido o investimento com maior rentabilidade em 2020. 

    De acordo com ranking feito pelo banco BTG Pactual, o metal se valorizou — incríveis — 55,9% em reais. Parte desse desempenho é decorrente da valorização do dólar, já que a commodity é negociada primariamente na moeda americana.

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    Aliás, o dólar aparece na segunda colocação do levantamento de rendimentos por ter subido 29,3% em 2020. 

    Os demais ativos do ranking tiveram desempenho bem aquém dos demais investimentos. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, rendeu 2,92% no ano. Já o CDI, que é o indicador usado como parâmetro para papéis de renda fixa, teve alta de 2,77%, enquanto a poupança rendeu 1,99%.

    É bom lembrar que o Ibovespa, o CDI e a poupança perderam para a inflação. Ao menos, é o que aponta a estimativa dos economistas para IPCA no boletim Focus. Os especialistas projetam 4,39%.

    Na ponta do lápis, isso significa que houve perda de poder de compra no caso de quem investiu na poupança, em fundos que replicam a carteira teórica do Ibovespa e em papéis de renda fixa atrelados ao CDI.

    Rentabilidade negativa

    Mas se tem um grande perdedor nesse ranking é o índice de fundos imobiliários (Ifix). No ano, eles perderam 10,25%. O mercado imobiliário foi bastante impactado pela pandemia do novo coronavírus, já que muitas empresas fecharam as portas ou instituíram home office e pararam de pagar aluguel dos escritórios. Já os shoppings tiveram de ficar fechados por meses.

    No entanto, nos últimos meses, esses segmentos têm mostrado uma retomada. O acumulado do ano, porém, ainda foi negativo.

    Ibovespa

    O Ibovespa por pouco não terminou como a pior aplicação de 2020, num cenário completamente contrário ao do início do ano. Em janeiro, o mercado acionário era visto como uma das principais alternativas de investimentos por causa do intenso movimento de diversificação de portfólio do brasileiro. Com os juros em queda, era preciso migrar da renda fixa para ativos de maior risco, como a Bolsa.

    Mas a pandemia pegou o investidor local no contrapé, no meio dessa migração. Por várias vezes, a bolsa teve de acionar o chamado ‘circuit breaker’, um mecanismo que paralisa as operações quando o Ibovespa cai mais de 10% no dia. “Passamos março, abril e maio em pânico, com uma forte pressão sobre câmbio e Bolsa, e os investidores correndo para ativos mais seguros”, diz o economista da Tendências Consultoria Integrada, Silvio Campos Neto.

    Segundo ele, conforme os auxílios emergenciais foram sendo anunciados mundo afora, esse pânico foi sendo dissipado. “Esses pacotes foram fundamentais para dar suporte às economias e ajudaram na retomada dos ativos de risco.” Mas foi apenas no último trimestre que o Ibovespa conseguiu ter mais fôlego para sair do terreno negativo e recuperar as perdas do ano.

    Com o início da vacinação em alguns países, o investidor estrangeiro se sentiu um pouco mais confortável para voltar aos países emergentes. De novembro até a semana passada, o saldo foi positivo em cerca de R$ 43 bilhões. Nesse cenário, a bolsa brasileira fechou o pregão da quarta-feira, 30, com alta acumulada de 2,92% no ano, em 119.017 pontos, depois de esbarrar na máxima histórica de 119.527 pontos de janeiro.

    Local e estrangeiro

    Em dólar, no entanto, o Ibovespa continua negativo em 20%, depois de recuar mais de 57%, o que pode atrair ainda mais a atenção do investidor estrangeiro. Mas, na avaliação de economistas, em 2021, o investidor local também deverá voltar a apostar na renda variável.

    “A temática do início do ano continua”, diz o sócio e gestor da Neo Investimentos, Mario Schalch. Ele se refere à migração do investidor da renda fixa para renda variável.

    Segundo o gestor, a busca por ativos de risco aumentou nos últimos meses ao mesmo tempo em que as taxas de juros no longo prazo caíram. Em novembro, as taxas para 2023 e 2024 estavam próximas de 9%. Agora, já estão em 7,3%.

    Atualmente, a taxa Selic está em 2% ao ano. A expectativa é que ela possa subir um pouco no ano que vem, mas ainda assim haverá necessidade de buscar outras formas de aplicação se o investidor quiser um retorno maior.

    Em 2020, os investimentos ligados aos juros ficaram na lanterna. Os fundos DI, considerados mais conservadores e que acompanham de perto a taxa básica de juros, ficaram na penúltima colocação do ranking, com um ganho médio de 2,31%; e os de renda fixa, 2,37%.

    Mas, segundo Fabio Colombo, as aplicações atreladas ao juros tiveram perdas reais (quando descontada a inflação) de até 2,5% em 2020. Quem investiu na poupança, por exemplo, viu o dinheiro perder 2,2% do poder de compra.

    (Com Estadão Conteúdo)

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