Cris Arcangeli: com planejamento e disciplina, é possível empreender na crise
Mesmo diante de uma missão infinitamente mais difícil — com consumidores em casa e com menos dinheiro — os primeiros passos já podem ser dados, diz empresária
Os desafios impostos pela pandemia da Covid-19 não inviabilizam empreendedores e empreendedoras a abrir um negócio próprio no setor de bem-estar e beleza, aposta Cris Arcangeli, apresentadora de TV e e CEO da empresa de cosméticos beauty’in. Mesmo diante de uma missão infinitamente mais difícil — com consumidores em casa e potencialmente com menos dinheiro — é possível dar os primeiros passos desde já, com planejamento, disciplina e estratégia, sugere Arcangeli.
“É um momento de transformação, de se reinventar e criar novas saídas. A primeira delas é trabalhar online. Tem muitas operações conseguindo crescer seus e-commerces, market places e atendimento, dessa forma, que facilita bastante neste momento”, diz Arcangeli, em entrevista ao CNN Brasil Business.
Formada em odontologia, a empresária mal atuou na área, e, por experiências pessoais, decidiu empreender no ramo de cosméticos. O primeiro negócio foi a Phytoervas, criada na década de 80 e gerida até 1998. Na década seguinte, criou o Phytoervas Fashion, evento de moda que lançou figuras de peso, como Alexandre Herchcovitch e Ronaldo Fraga. A empresária também é conhecida pela participação no reality show Shark Tank, que avalia empresários em busca de financiamento para os seus negócios.
Com participação na criação de cinco empresas, a empreendedora serial sugere redobrar a aposta na venda direta, solução encontrada pela beauty’in, e estruturada em menos de dois meses. “A venda direta é boa para a empresa e também para as pessoas, pois dá a opção de trabalharem. Muitos autônomos estão entrando na venda direta. Para nós é uma oportunidade de crescimento”, defende ela, que também é sócia do fundo de investimento Phenix.
Entre as mudanças no setor de bem-estar e beleza, Arcangeli identifica um potencial promissor de demanda de produtos relacionados à saúde, já que a pandemia do novo coronavírus fez com que as pessoas dessem mais valor à imunidade. “O segmento fitness, por exemplo, é um mercado que já vinha crescendo e que vai continuar se fortalecendo daqui pra frente”, exemplifica.
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Premissas básicas
Antes de pensar em abrir qualquer negócio, o primeiro passo, segundo Arcangeli, é identificar a demanda, mapeando onde ela está, e, sobretudo como seus hábitos se transformaram na pandemia.
A segunda etapa compreende um diagnóstico mais profundo desses consumidores, buscando entender se, de fato, estão preparados para pagar o preço do produto ou serviço que pretende oferecer, e por quais canais irá se dirigir até eles — tanto para se comunicar, como para vender, propriamente.
“Mais do que o que queremos vender, devemos procurar o que as pessoas estão buscando”, defende.
Aos empreendedores ‘verdes’, ela sugere a aposta no segmento de franquias, pois trazem marcas já testadas e validadas, e que garantem algum retorno, com milhares de opções, tanto de tipos como de preços.
Protagonismo feminino
Como palestrante na área de empreendedorismo feminino, Arcangeli identifica algumas dificuldades adicionais no caso das mulheres, que se veem divididas, por vezes, em jornadas triplas para conseguir dar conta de seus afazeres.
Números do Sebrae reforçam um diagnóstico preocupante na pandemia: no universo de empresas lideradas por mulheres, a Covid-19 tem causado um efeito mais desvastador, com 52% dos negócios tocados por elas sendo afetados “temporariamente” ou “de vez” pela crise atual (contra 47% das empresas tocadas por homens).
Para as mulheres que têm vontade, mas medo de empreender, Arcangeli aponta algumas saídas, para que sejam “protagonistas de seus negócios”. O receituário inclui administração do tempo, capacitação na área de gestão, com estudo na área de precificação e estoque, por exemplo, e, por fim, a libertação da culpa — sim, empreender, para Arcangeli, é um ato de liberdade.
“Quando o negócio escala a uma segunda fase, e ela precisa se formalizar, separando a pessoa física da jurídica, muitas vezes, se perde, por falta de conhecimento. (…) Elas são fortes, criativas, têm necessidade de empreender. É importante ter essa liberdade, para fazer suas próprias escolhas.”
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