Usiminas vai comprar mais placas de terceiros no 4º trimestre
A companhia sofreu um "incidente" na usina de Ipatinga no final de setembro, que gerou "alguma perda de produção"
A Usiminas seguirá comprando placas de aço produzidas por terceiros para atender parte do aumento da demanda no Brasil, cujo setor industrial passa por fase de reestocagem, e avalia que os preços da liga no país seguem defasados ante o mercado internacional apesar de seguidos aumentos neste ano.
A companhia sofreu um “incidente” na usina de Ipatinga no final de setembro, que gerou “alguma perda de produção”, o que está sendo compensado com placas de terceiros, disse nesta quinta-feira o vice-presidente financeiro da Usiminas, Alberto Ono, em teleconferência com analistas.
“Vamos ter compra maior de placa no quarto trimestre porque estamos aproveitando nossa flexibilidade de laminação em Cubatão”, acrescentou o executivo referindo-se às instalações da empresa no litoral paulista.
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A Usiminas desligou dois alto-fornos em abril, em meio aos impactos das medidas de quarentena contra o coronavírus. Em julho, anunciou religamento de um dos equipamentos. Questionado sobre quando o alto-forno 2 de Ipatinga será reativado, Ono citou incertezas sobre o cenário para demanda de aço no país nos próximos meses.
“Não temos certeza ainda sobre retorno do equipamento. Estamos vendo recuperação da demanda, existe uma tendência de reestocagem, mas isso tem prazo”, disse o executivo. “A questão é qual será o novo normal em termos de demanda após a recuperação dos estoques”, acrescentou.
O diretor comercial da companhia, Miguel Homes Camejo, avaliou que a restauração do equilíbrio entre oferta e demanda deve levar ainda três ou quatro meses. Questionado sobre novos reajustes de preços de aço, afirmou que os valores da liga no Brasil estão 4% a 5% abaixo dos praticados no exterior e que a intenção da companhia é que esta paridade fique positiva entre 7% e 8%, numa indicação de novos aumentos adiante.
Os comentários foram semelhantes aos feitos por colegas de Camejo nos últimos dias. Luis Fernando Martinez, da CSN, afirmou neste mês que a empresa vai subir o preço de aços longos e planos em 10% em novembro, após reajustes acumulados de 40% ao longo do ano.
Na véspera, o presidente da Gerdau, Gustavo Werneck, rebateu críticas de que as siderúrgicas estejam se aproveitando da retomada da demanda para aumentar seus preços, alegando que o setor tem enfrentado fortes aumentos de custos e desvalorização cambial, que deixaram os valores praticados no Brasil abaixo do nível internacional.
Camejo também afirmou que a Usiminas já começou a discutir contratos anuais de preços com montadoras de veículos. Ele não mencionou um índice pretendido, mas disse que os reajustes precisam refletir os movimentos de preços ocorridos ao longo do ano e as expectativas do mercado automotivo para 2021, que sinalizam crescimento nas vendas.
A ação da Usiminas liderava as altas do Ibovespa às 13h20, avançando 4,7%, enquanto o índice tinha queda de 0,26%. A empresa divulgou mais cedo seu segundo melhor Ebitda trimestral dos últimos 10 anos, de 826 milhões de reais, e o melhor caixa dos últimos sete anos, de 3,7 bilhões de reais.
Questionado se a empresa pode elevar dividendos ou retomada de planos para uma nova linha de galvanização em Ipatinga, Ono disse que a preferência é por continuar a reduzir a alavancagem. No terceiro trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda caiu a 1,2 vez, a menor entre as empresas listadas do setor no país.
“A tendência é buscar um pouco mais de desalavancagem. Entendemos que, no geral, uma empresa como a nossa tem que trabalhar mais conservadora nesse sentido”, disse o executivo. “Embora estejamos com bom nível de caixa, nos próximos dois anos vamos precisar de parte disso para o plano de investimento”, adicionou, referindo-se ao projeto bilionário de reforma do alto-forno 3 de Ipatinga, que demandará recursos em 2021 e 2022.
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