Nintendo volta ao Brasil com Switch e mira expansão ‘desafio é atender demanda’
Em entrevista exclusiva, diretor comenta retorno da empresa ao país, afirma não temer bolha – mas relata aumento de demanda com pandemia
O Switch, console atual da japonesa Nintendo que já vendeu mais de 61 milhões de unidades ao redor do globo, chega oficialmente ao Brasil na sexta-feira (18). Por R$ 2.999, fãs de franquias como Mario, Zelda, Pokémon, entre outros, podem finalmente comprar o video game lançado em 2017.
Este atraso, que agora deixa de existir, foi criado quando a empresa decidiu abandonar sua operação brasileira em 2015. Bill van Zyll, diretor geral da companhia na América Latina, disse em entrevista ao CNN Brasil Business que a redução na carga tributária para importação de videojogos e uma renovação do processo de distribuição da empresa possibilitaram a volta.
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“Temos grandes expectativas, já que o mercado brasileiro é o maior da América Latina”, diz. “Quando decidimos voltar, levamos certo tempo para conseguir regularizar nossos produtos. Além disso, foi difícil conseguir disponibilizar o Switch, que não para de vender. Demoramos mais do que gostaríamos, mas estamos de volta.”
Os resultados trimestrais da Nintendo reforçam parte da explicação da empresa. Apenas entre abril e junho de 2020, mais de 5,6 milhões de unidades do produto foram vendidas, contra 2,1 milhões do mesmo período do ano anterior. A receita líquida cresceu 108% e o lucro operacional subiu assustadores 427%, a US$ 1,3 bilhão.
Sucesso que também não passou despercebido pelo mercado financeiro. Os papéis da empresa negociados na Bolsa de Tóquio já avançaram mais de 30% no ano, enquanto as ADRs, listadas em Wall Street, cresceram quase 50% no período. Performance semelhante à de outras ações de tecnologia durante a pandemia.
“Estamos tristes e conscientes com a gravidade da situação imposta pela Covid-19, mas felizes que, ao ficar em casa, as pessoas pelo menos possam jogar e se divertir com o Nintendo Switch”, diz. Perguntado se a empresa enxerga bolha nas ações do setor, o executivo indica o caminho oposto. “Nosso desafio é conseguir atender à demanda.”
Competição de peso
O Switch chega oficialmente ao Brasil (antes precisava ser importado) em um momento quente para a indústria de videogames. Sony e Microsoft já anunciaram, e lançam ainda em 2020, novas versões de seus consoles: o PlayStation 5 e o Xbox Series X.
O primeiro custará R$ 4.999 em sua versão tradicional e R$ 4.499 o modelo sem leitor de CDs. O segundo ainda não teve seus valores locais divulgados.
Zyll acredita, no entanto, que a versatilidade do produto da Nintendo pode continuar falando mais alto. “É um período importante para a indústria. As pessoas estão procurando o que fazer em casa”, diz.
“Mas acreditamos que o Switch entrega uma experiência única, para todas as faixas etárias. Trata-se de um videogame que já tem 4 anos e suas vendas só aumentam, algo totalmente fora da curva.”
Assim como suas concorrentes, a Nintendo tem dificuldades para praticar seus preços internacionais no Brasil. O Switch, que custará R$ 2.999, sai por US$ 299 nos EUA. O PS5, que terá preço sugerido de R$ 4.999, será vendido por US$ 499 no mercado americano.
Com o dólar a pouco mais de R$ 5, isso quer dizer que os produtos são comercializados com o preço praticamente dobrado por aqui.
O próprio câmbio é um dos fatores citados pelo gestor como complicador do processo de precificação. “Queremos levar o nosso produto ao maior número de pessoas possível, então é do nosso interesse que esses preços sejam acessíveis”, diz. “Mas fatores como o câmbio, impostos e taxas, e a distribuição dentro do próprio Brasil fazem com que estes valores sejam diferentes.”
Produtos
Em sua volta ao país, a companhia japonesa disponibilizará o Switch em lojas como a Americanas e o Magazine Luiza. A empresa afirma ainda não ter planos de vender jogos em mídia física por aqui, mas disponibiliza mais de 120 jogos em formato digital, através da Loja Nintendo. Também é possível assinar o serviço digital Nintendo Switch Online, que permite jogar na rede e acessar games antigos.
O console possibilta que até quatro jogadores brinquem ao mesmo tempo, mas só vem com dois controles (disponíveis em cinza ou azul e vermelho). A manete clássica avulsa, chamada de Pro Controller, custa US$ 469, enquanto o par de Joy-Cons (nas cores verde e rosa), modelo original do Switch, sai por US$ 499.
A Nintendo também estuda a possibilidade de trazer a versão portátil do Switch, chamado Lite, em 2021. O produto custa US$ 199 nos EUA. Questionado se Brasil passará a receber todos os lançamentos e novidades da marca, como a nova versão do Switch especulada para o ano que vem, Zyll afirma que por enquanto são só rumores.
“Cada mercado é diferente. Precisamos de regularizar os produtos localmente, então é algo que precisaremos determinar”, diz.
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