Velocidade de crescimento do 5G deve superar em 2 anos o 4G, diz Ericsson
À espera do leilão de frequências no Brasil, tecnologia vai destravar investimentos de operadoras em serviços e funcionalidades como carros semiautônomos
A rede 5G é vista como uma das mais importantes tecnologias para o crescimento econômico na década de 2020. Com a capacidade de melhorar conexões diminuindo a latência (tempo de resposta à conexão), a rede 5G deve impulsionar outras tecnologias como realidade aumentada, controle remoto de máquinas na indústria, conhecido como a Internet das Coisas (IoT), e cidades inteligentes. E essa rede deve crescer mais rapidamente que o 4G, segundo um estudo da Ericsson.
Hoje, pelo menos 200 milhões de pessoas e negócios já assinam serviços com tecnologia 5G em todo o mundo. O 4G levou dois anos a mais para atingir esse número depois de seu lançamento. O levantamento da Ericsson estima que o 5G também chegue à marca de um bilhão de assinantes dois anos mais rápido que seu antecessor.
Marcos Scheffer, VP de Redes da Ericsson para o Cone Sul da América Latina, explica que um dos motivos para o crescimento mais rápido do 5G é sua aplicação na indústria. Ou seja: não é de interesse apenas dos consumidores que a tecnologia cresça; a indústria tem muito a ganhar com ela, como a possibilidade de operar retroescavadeiras e guindastes à distância, por exemplo.
“Cada tecnologia nova tende a ter um crescimento mais rápido que a anterior. No caso do 5G, o que lhe dá vantagem são as milhares de aplicações para consumidores e empresas”, disse Scheffer, em entrevista ao CNN Brasil Business.
Segundo a Ericsson, o mundo deve ter, até o fim deste ano, 580 milhões de assinaturas. Este número saltará para 3,5 bilhões em 2026, na projeção da empresa sueca.
Na América Latina, 34% das assinaturas móveis em 2026 deverão ser em rede 5G. No entanto, até essa data, a tecnologia predominante na região ainda deverá ser o 4G, sendo responsável por 48% das assinaturas.
O número parece baixo na comparação com outros países. E é. Isso porque o Brasil está pelo menos dois anos atrás de mercados como o dos Estados Unidos, que devem chegar a 84% das assinaturas 5G em 2026.
Contudo, ainda é importante ponderar que o Brasil deve ter um número superior à média da América Latina, que será puxada para baixo por países menos desenvolvidos.
O atraso, claro, gera prejuízos econômicos, como uma indústria menos competitiva, mas ainda há muito espaço para crescimento, segundo o VP da Ericsson. “O 5G é a principal tecnologia para o desenvolvimento econômico desta década. Os investimentos que as operadoras farão serão importantes e vão gerar impostos com a infinidade de serviços prestados”.
Prioridades no Brasil
Importante para a implementação do 5G no Brasil, o leilão das frequências de operação da nova geração de internet móvel é o primeiro passo para a adesão massiva à essa tecnologia. Discutido em diversas audiências públicas ao longo de 60 dias em 2020, o leilão é considerado não arrecadatório, já que todas as verbas levantadas serão investidas em infraestrutura de comunicação e aprimoramento da conectividade em áreas ainda carentes.
Para a Ericsson, é importante para o crescimento da tecnologia que o governo federal faça o leilão da frequência entre julho e setembro, como prometido. Marcos Scheffer conta que a empresa fez parte do movimento de convencimento para que o leilão priorizasse investimentos, e não arrecadação. “Podemos ver preços das licenças muito baixos e eventuais ágios convertidos em compromisso de cobertura”, explica o executivo.
Outra prioridade na agenda brasileira é garantir que as operadoras ofereçam serviços mais atrativos com o 5G. “Na Coreia do Sul vemos funcionalidades como realidade aumentada, vídeos de alta qualidade e jogos para celular funcionando muito bem”, diz Scheffer.
Sobre as disputas políticas envolvendo a China, Scheffer disse que a Ericsson não fala sobre a concorrência e disse que a empresa está “preparada para implementar o 5G em um ritmo rápido”.