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    Cielo vai além das maquininhas: quer entrar de vez na concessão de crédito

    Adquirente recebeu sinal verde dos controladores para passar a conceder crédito. Documentação sobre a Sociedade de Crédito Direto será enviada ao Banco Central

    Natália Flach, do CNN Brasil Business, em São Paulo



     

     

    A Cielo recebeu sinal verde dos controladores para ir além da antecipação de recebíveis aos lojistas. A credenciadora pretende encaminhar a documentação necessária ao Banco Central o quanto antes para se tornar uma Sociedade de Crédito Direto (SCD) e, assim, oferecer crédito não performado aos clientes. Essa licença abre portas para a oferta de cartão de crédito, leasing e cheque especial, por exemplo.

    A lógica por trás desse movimento é expandir as operações para além da adquirência. “Temos que ter adquirência, mas concomitantemente temos que ter um braço de crédito e um vetor para agregar valor a partir de dados, fazendo a parte de conciliação e de TEF [um sistema de transferência eletrônica conectado com a maquininha de cartão], por exemplo”, explica Paulo Caffarelli, presidente da Cielo em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (27). 

    Foi em grande parte por causa do crédito que os números da empresa deram um salto expressivo no quarto trimestre, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus. Isso porque os produtos relacionados a prazo (leia-se antecipação de recebíveis primordialmente) alcançaram penetração de 32,7% entre os clientes de varejo e empreendedores — novo recorde da companhia. Há dois anos, esse percentual era de apenas 16%.

     

    “Antigamente, a base de comparação entre as adquirentes era o MDR [taxa cobrada dos lojistas pelas maquininhas], e hoje é o MDR e a antecipação de recebíveis”, destaca Caffarelli.

    Isso se deu em larga escala pelo aumento da produtividade dos times comerciais e da importância dos canais próprios, que passaram a responder por 52% das ativações dos clientes.

    Aliás, o foco no cliente é tal que a Cielo criou uma vice-presidência voltada para experiências do cliente, que incorporou operações e tecnologia. Além disso, a melhoria na qualidade de atendimento fez com que o NPS da marca saltasse 7,5 vezes entre junho de 2018 e novembro de 2020.

    “É importante pois mostra que o ponto principal da Cielo é a excelência na experiência do cliente. Estamos sempre buscando melhorar cada vez mais”, destaca.

    Outro fator responsável pelo avanço de praticamente 35% do lucro líquido no quarto trimestre para R$ 298 milhões foi aumento da margem. Isso foi possível por causa de uma estratégia adotada há alguns trimestres de aumentar o número de empreendedores e de varejistas — que geram margem mais elevada — no portfólio de clientes.

    Atualmente os pequenos varejistas respondem por 37,3% da carteira, enquanto as grandes contas, que são importantes em volume, mas têm margens mais comprimidas, são responsáveis por 62,7%.

    Nesse sentido, a Black Friday e o Natal tiveram um peso importante nos números consolidados da adquirente. O volume transacionado no quarto trimestre aumentou 15% em relação ao terceiro trimestre para R$ 191 bilhões.

    “O e-commerce cresceu 32% na Black Friday e 16% no Natal”, destaca Gustavo Sousa, vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Cielo. Isso incentivou que a base ativa do Superlink (ferramenta de pagamentos por meio de link) crescesse 6,5 vezes ao final de 2020.

    WhatsApp Pay

    Caffarelli projeta que a autorização para WhatsApp Pay saia ainda neste semestre — e, assim que for aprovado pelo Banco Central, já nascerá integrado ao Pix, sistema de pagamento do BC.

    “Estamos muito próximos de isso acontecer. As bandeiras (que são as coordenadoras do arranjo) já encaminharam todas as informações requisitadas.”

    Próximos passos

    A meta da Cielo em 2021 é avançar na transformação digital, que é o “alicerce”, segundo Caffarelli, para este e para os demais anos. “Também estamos voltados a servir melhor os clientes e inovar nas formas de pagamento.”

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