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    Funcionários de empresas do Vale do Silício começam a voltar para os escritórios

    Com avanço da vacinação nos EUA, as chamadas big techs estão testando espaços com capacidade reduzida e atividades no modelo híbrido

    Rishi Iyengar, do CNN Business

     

    Depois de anos construindo grandes escritórios modernos e uma cultura de trabalho que se espalhou até pelas indústrias, o Vale do Silício foi um dos primeiros a fechar esses locais e ficar totalmente remoto quando a pandemia do novo coronavírus começou.

    Agora, muitas das maiores empresas do setor de tecnologia estão lentamente fazendo planos para trazer os funcionários de volta, oferecendo um roteiro de regresso para ver como o trabalho no escritório vai ficar neste segundo ano da pandemia.

     

    Na última segunda-feira (29), a Uber abriu as portas de sua nova filial, na Baía de São Francisco, que terminou de construir durante a crise sanitária. Inicialmente, o escritório inaugurou com 20% da capacidade, com retorno voluntário dos empregados.

    De acordo com o porta-voz da empresa, Lois Van Der Laan, cerca de 100 pessoas passaram pelo local entre segunda e terça-feira. Atualmente, a Uber conta com 3,5 mil colaboradores na localidade e todos eles podem continuar trabalhando remotamente até, pelo menos, 13 de setembro.

    Para permitir um retorno seguro e com controle de ocupação do escritório, a empresa de transportes criou uma espécie de cartão de embarque que os funcionários podem obter online. Para emitir o documento, eles passam por uma triagem diária de saúde, feita ainda em casa, e por um treinamento que detalha as precauções contra a Covid-19.

    O Facebook também já planeja permitir a volta de alguns trabalhadores aos escritórios do Vale do Silício, ainda nas próximas semanas. A rede social deve reabrir os espaços com 10% da capacidade a partir de maio, como informou a porta-voz Chloe Meyere ao CNN Business.

    “A saúde e a segurança de nossos funcionários e vizinhos na comunidade é nossa maior prioridade e estamos adotando uma abordagem prudente para reabrir escritórios”, disse Meyere, acrescentando que, além do distanciamento físico e do uso de máscaras, o Facebook também exigirá testes semanais de coronavírus, sempre que possível, para os trabalhadores que chegam.

    Os empregados da big tech também têm a opção de não retornar ao escritório. No início deste ano, o CEO Mark Zuckerberg previu que metade da força de trabalho do Facebook deve ser remota na próxima década.

    Para aqueles que precisam trabalhar presencialmente, a empresa vai permitir que eles continuem operando de casa até um mês após a abertura do espaço mais próximo de casa, com o limite de 50% da capacidade. No entanto, o Facebook deixa claro que os escritórios maiores provavelmente não vão permitir 50% do público até, pelo menos, 7 de setembro deste ano.

    Já o Twitter disse que ainda não definiu uma data para que seus funcionários voltem ao escritório, mas, quando o fizer, só vai autorizar 20% da capacidade, pelo menos no começo.

    No início da pandemia, a rede social informou aos trabalhadores que poderiam trabalhar à distância “para sempre”, se assim escolhessem. Entretanto, calcula que a maioria dos trabalhadores vai optar por um modelo misto, alternando entre o escritório e a sua casa.

    No caso do Google, o gigante das buscas disse anteriormente que não deve trazer os funcionários de volta até setembro e que, depois disso, vai testar uma semana de trabalho com apenas três dias no escritório. A Apple, por sua vez, parece ter começado a levar os funcionários à sede ainda em maio do ano passado. (Nenhuma das duas empresas respondeu um pedido de comentário).

    E fora do Vale, como está?

    Fora do Vale do Silício, a Microsoft começou a trazer alguns servidores de volta à sua sede e escritórios próximos de Washington, na última segunda-feira (29), no que descreveu como um modelo de “trabalho híbrido”.

    A variedade de cenários que as grandes empresas de tecnologia estão analisando destaca o quanto ainda resta incerteza em relação ao retorno, mesmo com a aceleração da vacinação nos Estados Unidos e em alguns outros países.

    A reabertura gradual também pode ser o teste mais claro para a resiliência do mercado do Vale do Silício. Muitos empregados desta área, aproveitando as políticas flexíveis de trabalho remoto, mudaram-se para outras cidades americanas. Várias empresas importantes, com Oracle e HP, entre outros nomes notáveis, também se mudaram.

    “Cada pessoa em cada empresa apresenta uma situação única e diferente”, disse David Bergeron, presidente da imobiliária T3 Advisors com foco em tecnologia. Ele comenta que o apelo do trabalho remoto para as empresas é que elas podem atrair uma variedade de talentos mais amplo do que seus concorrentes, mas será um ato de equilíbrio.

    Contudo, chamar o fim do domínio do Vale do Silício pode ser prematuro, e só o tempo dirá quanto do sucesso é permanente, especialmente quando as maiores empresas da região reabrirem totalmente.

    “As coisas que tornaram o Vale do Silício especial não estão indo a lugar nenhum”, escreveu Jim Breyer, um dos mais proeminentes capitalistas de risco da área, que recentemente se mudou para Austin, em um artigo de opinião para a CNN Business no início deste mês.

    “A área continuará a ser um centro global de inovação que atrai empreendedores corajosos, se beneficia de instituições de classe mundial e estimula o talento de empresas líderes de tecnologia  mesmo que Austin ofereça uma notável nova fronteira de oportunidades”, acrescentou.

    San José, uma das maiores cidades do Vale do Silício e sede de empresas como Cisco, Adobe e PayPal, se classificou como uma das 50 cidades americanas com oportunidades de desenvolvimento de escritórios em um relatório da imobiliária CBRE.

    Ela se destaca por ter uma “forte demanda” por espaços indicados para escritórios e custos favoráveis para construção. Colliers, outra imobiliária, disse em um relatório subsequente que o Vale do Silício “provou ser mais resistente do que outros mercados de tecnologia” durante a pandemia, em grande parte graças à “riqueza de empresas tech estabelecidas”, incluindo Google, Facebook e Apple.

    A região foi responsável por mais de 40% dos gastos de capital de risco no ano passado, de acordo com a empresa. “Os fundamentos do mercado do Vale do Silício permanecem fortes e o mercado está bem-posicionado para se recuperar da pandemia mais rapidamente do que outras áreas, devido à sua alta concentração de grandes empresas de tecnologia e uma comunidade inicial saudável”, disse Lena Tutko, gerente sênior de pesquisas da Colliers Silicon Valley, em um comunicado. “O Vale do Silício continua sendo o epicentro da inovação”, avaliou.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original)

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