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    Smart Fit quer aproveitar concorrentes sem fôlego para expandir na pandemia

    Maior rede de academias do Brasil comprou a Just Fit neste mês e enxerga outras oportunidades de compra nos próximos meses

    Unidade da Smart Fit: academias vazias durante a pandemia
    Unidade da Smart Fit: academias vazias durante a pandemia Foto: Smart Fit/Divulgação

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A rede de academias Smart Fit tinha um plano ambicioso para 2020: abrir uma academia a cada 36 horas e ultrapassar os 1.000 pontos abertos. Aí veio a pandemia e mudou tudo. Unidades fechadas, prejuízo, cancelamentos de matrículas e caixa mais vazio. 

    Porém, Edgard Corona, fundador e CEO da rede, consegue enxergar pontos positivos para a empresa. E, para 2021, se prepara para buscar boas oportunidades de negócio, como foi com a aquisição da rede Just Fit, anunciada na semana passada.

    Na verdade, nem se pode chamar de aquisição –pelo menos, até agora. Segundo Corona, se o mercado fitness está em situação muito complicada, as redes menores estão em situação ainda pior. 

    Esse foi o caso da Just Fit, que tem 27 unidades na cidade de São Paulo. A empresa não estava mais conseguindo tocar a operação com as medidas restritivas da capital paulista. Logo, o negócio com a Smart Fit fez sentido para as duas partes.

    “Foi uma transação de ganha-ganha. Não queimamos caixa e assumimos os custos das operações”, diz Corona ao CNN Brasil Business. “Lá na frente, quando a empresa estiver recuperada, vamos pagar um valor sobre a margem bruta das academias.” Todas as 27 unidades da Just Fit mudarão de bandeira para Smart Fit nos próximos meses. Negócios como esse serão mais comuns, segundo Corona. 

    Ano difícil

    Mas as oportunidades não conseguem esconder o ano difícil. Os números dos nove primeiros meses da companhia demonstram isso (o resultado do quarto trimestre ainda não foi divulgado). A receita líquida caiu 26,9%, a R$ 670,1 milhões, e o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que é uma importante medida de geração de caixa, despencou 88,7%, a R$ 46,1 milhões.

    Para não ver o caixa sangrar, no fim do ano passado, todos os acionistas decidiram fazer uma rodada de capitalização da empresa. Além de Corona, os fundos CPPIB, do Canadá, e o brasileiro Pátria injetaram R$ 500 milhões na rede para recuperar os cofres.

    “Foi uma maneira de fazer com que o caixa da empresa voltasse ao que era antes da pandemia”, diz Corona.

    A empresa sempre usou muito do caixa para a sua expansão. A maior parte das lojas são próprias, então, o investimento é alto. Porém, mesmo com a pandemia, a empresa conseguiu inaugurar 95 unidades em 2020 –praticamente 150 a menos do que o plano inicial. 

    No ano passado, o foco foi reservar dinheiro e, simplesmente, não perder boas oportunidades. Um exemplo foi a criação de um fundo de investimentos para a construção e inauguração de boa parte das unidades abertas. “Eram pontos espetaculares que não poderíamos deixar de aproveitar, mas precisávamos de disciplina de caixa”, diz Corona.

    Diversos investidores entraram em uma espécie de condomínio de franquias de academias. Um operador toca todas elas e, assim que a Smart Fit tiver uma sobra de liquidez, vai recomprar de volta essas academias. “E aí quem investiu vai ter um ótimo retorno e as academias voltam para nós”, diz ele.

    Eficiência

    Porém, a operação de uma rede de academias ficar parada seria, no mínimo, irônico. Por isso, Corona acredita que a Smart Fit estará mais em forma do que nunca no pós-pandemia. Segundo o executivo, foi feito todo um trabalho para melhorar a eficiência, e a operação ficou mais enxuta.

    Uma delas foi apostar na digitalização de treinos. Agora, com tecnologia que envolve inteligência artificial, a empresa criou um método para passar os treinos de musculação para os seus clientes. 

    Dentro do aplicativo da Smart Fit, agora é possível fazer trocas de treino de maneira automática – a inteligência artificial pede informações como carga do exercício e dificuldade. De acordo com as respostas e performance do cliente, o app muda ou mantém o treino.

    Com ferramentas como essa, Corona afirmou que conseguiu reduzir 30% dos gastos com folha. Ao mesmo tempo, os treinadores da academia ficaram mais livres para auxiliar os clientes durante o dia – e não perdem mais tempo criando novas séries.

    Isso quer dizer que houve demissões por causa da crise? Corona afirma que não. “As pessoas que saíram foram por vontade própria ou performance”, diz ele.

    Ainda no ambiente digital, a empresa também continua apostando nos seus programas de treinamento Queima Diária e no marketplace de nutrição chamado Smart Fit Nutri. Enquanto o primeiro chegou a 530 mil usuários, o segundo já tem 80 mil usuários. Corona enxerga espaço para alcançar, com os dois produtos, 2,5 milhões de pessoas em dois anos.

    Mas, para isso, ele admite que a pandemia precisa passar. Por isso, também se colocou à disposição para ajudar o governo na compra de vacinas. 

    “Esses anos estão sendo difíceis e que não serão esquecidos. E sai muito mais caro para qualquer empresa não contribuir para que as vacinas cheguem à população o mais rápido possível.”