Por que Elon Musk e a Tesla estão em guerra contra os sindicatos na Alemanha?
A montadora de carros elétricos se recusa a assinar um acordo coletivo de trabalho, com questões como pagamento de um salário mínimo aos funcionários
À primeira vista, a chegada da fábrica da Tesla em solo europeu parece retrato perfeito da esperança de um futuro melhor, com carros elétricos e sustentáveis. Para completar gerará milhares de empregos numa região da Alemanha que historicamente vem lutando para atrair investimentos.
Não por acaso, a investida de Elon Musk, CEO da montadora, foi bem aceita pelos alemães. Políticos, por exemplo, aceleraram a aprovação da fábrica. Os moradores locais também clamavam por empregos.
Leia também
Elon Musk avisa funcionários que as ações da Tesla podem ser ‘esmagadas’
Tesla anuncia 2° aumento de capital de US$5 bi desde setembro
No entanto, a recusa da Tesla em assinar um tipo de acordo coletivo de trabalho, algo que é padrão na Alemanha, formou uma rota de colisão entre o poderoso sindicato IG Metall, que possui 2,3 milhões de membros, e a montadora.
Através de uma carta, a IG Metall tentou estabelecer diálogo com a montadora, mas foi ignorada. Em entrevista à Bloomberg Businessweek, Christian Bäumler, que é vice-presidente de uma facção sindical do partido da chanceler Angela Merkel, afirma que não é bom para um fabricante de automóveis estar em conflito permanente com o IG Metall.
Segundo ele, o sindicato tem poder de organização, tem dinheiro, tem experiência, e pode suportar uma longa luta.
A grande preocupação da IG Metall é que a Tesla siga os passos da Amazon que se expandiu na maior economia da Europa sem assinar acordos salariais para seus funcionários de depósito, apesar de anos de protestos organizados por sindicatos.
Musk já mostrou algumas vezes que é avesso ao trabalho dos sindicatos. Inclusive, já demitiu um funcionário no passado, quando este buscou ajuda da United Auto Workers para sindicalizar a Tesla, em 2017.
A fábrica da Tesla é a primeira nova fábrica de automóveis da Alemanha em duas décadas, e promete criar até 40 mil empregos no leste da Alemanha. Trata-se de uma região que perdeu a maior parte de sua indústria pesada durante a Segunda Guerra Mundial e atrofiou durante as décadas de separação do país.
A construção acontece enquanto fabricantes e fornecedores nacionais demitem funcionários antecipando a mudança para veículos movidos a bateria, que exigem menor mão de obra para a montagem das peças.
A proposta de Musk é de administrar sua fábrica como uma startup do Vale do Silício – atraindo trabalhadores com salários e opções de ações não regulamentados e regalias promissoras. E o seu sucesso deve colocar em xeque a capacidade da IG Metall de ter suas demandas atendidas por outras montadoras.
Cobras
Para completar a novela, recentemente, um tribunal da Alemanha suspendeu a construção da Gigafactory, como é chamada a fábrica que está sendo construída no país.
A decisão aconteceu após ambientalistas criticarem o projeto, pois cortar as árvores poderia ameaçar espécies de cobras que estão hibernando na região.
Clique aqui para acessar a página do CNN Business no Facebook