IPCA-15 tem deflação de 0,01% em abril, menor patamar desde o Plano Real
Redução nos preços dos combustíveis marcou a prévia da inflação de abril
A prévia da inflação oficial brasileira entrou em território deflacionário e registrou a menor taxa para abril desde o início do Plano Real, em 1994. O índice foi pressionado de um lado pela queda nos preços dos combustíveis, mas por outro mostrando as consequências das medidas de isolamento com alta da alimentação em domicílio.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) passou a recuar em abril 0,01%, após variação positiva de 0,02% no mês anterior, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Esse é o resultado mais fraco para o mês desde o início do Plano Real, em julho de 1994.
Em 12 meses até abril, o IPCA-15 acumulou alta de 2,92%, ante 3,67% no mês anterior, indo abaixo do centro da meta de inflação para este ano – 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.
A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma variação positiva de 0,01% na base mensal e de alta de 2,94% em 12 meses, de acordo com a mediana das projeções.
Leia também: Inflação de 2020 deve ser a mais baixa em 22 anos – e por que isso não é bom
Com pandemia e inflação fraca, só baixar juros não deve ser suficiente
Reduções dos preços de combustíveis anunciadas pela Petrobras diante da queda do preço do petróleo e de seus derivados no mercado internacional ajudaram a gasolina a exercer o maior impacto negativo no IPCA-15 do mês, com recuo de 5,41% nos preços.
Também apresentaram quedas o etanol (-9,08%) e o óleo diesel (-4,65%), que levaram a uma queda de 5,76% do preços dos combustíveis. Com isso, o grupo Transportes teve queda de 1,47%.
Outra deflação importante foi registrada por Artigos de residência, de 3,19%) – os eletrodomésticos e equipamentos e os artigos de tv, som e informática, apresentaram no mês quedas de 7,15% e 1,95%, respectivamente.
As paralisações e confinamentos determinados por causa da pandemia de coronavírus vêm afetando a demanda e o comércio no Brasil, resultando principalmente nos preços mais caros da alimentação em domicílio.
Esses preços avançaram em abril 3,14%, com a cebola ficando 35,79% mais caro e o tomate, 17,01%. A batata-inglesa subiu 21,24% em abril e a cenoura teve alta de 31,67%. Assim, o grupo Alimentação e bebidas foi o destaque entre as altas, com avanço dos preços de 2,46%.
A alimentação fora do domicílio também ficou mais cara em abril, com avanço de 0,94%, influenciada pela alta de 3,23% do lanche.
Diante das incertezas tanto internas quanto externas relacionadas ao coronavírus, Banco Central e governo vêm adotando medidas econômicas para tentar mitigar os potenciais devastadores impactos do vírus.
O BC já reduziu a taxa básica de juros a 3,75%, e novos cortes são esperados. Tanto a autarquia quanto o Ministério da Economia preveem atualmente estagnação da atividade este ano, mas esses números ainda devem ser revisados para baixo.
A pesquisa Focus realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa é de a inflação termine este ano a 2,20% e a economia encolha 3,34%.