Orçamento teve erros ‘de parte a parte’ e impasse está resolvido, diz Lira à CNN
Presidente da Câmara afirma que 'questionar orçamento na pandemia é injustificável' e que legislação aprovada abre caminho para sanção
Em entrevista exclusiva à CNN, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que ocorreram “erros de parte a parte” na votação do orçamento de 2021 e que o texto foi “discutido em sua plenitude, em todos os aspectos” antes da aprovação.
Questionado sobre críticas feitas ao ministro da Economia, Paulo Guedes, Lira reiterou que os “erros” no orçamento “não impediam a sanção”, mas que o caminho para que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assine o orçamento está aberto após a aprovação do projeto que aumenta limites de gastos, votado pelo Congresso Nacional nesta semana.
No fim do mês passado, o presidente da Câmara surpreendeu ao falar em “remédios políticos amargos” em discurso bastante crítico no plenário da Casa — é Lira, à frente da Câmara, quem pode optar ou não por dar início a um processo de impeachment. À CNN, o deputado disse que “foi um sinal de alerta muito bem entendido por todos os componentes políticos do país”.
Politização da pandemia
Arthur Lira afirmou que o Brasil “não aguenta mais a politização da pandemia” e que a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não é positiva neste momento. Ele acredita que esse processo deslocaria atenções da imprensa, da sociedade civil e das autoridades para as investigações, prejudicando o combate à Covid-19.
“Não defendo CPI, isso é nuvem de fumaça. Tudo está documentado para a investigação em um momento de mais tranquilidade”, afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, que ponderou, no entanto, não ter o papel de avaliar a conduta do Senado e dos outros poderes.
O ‘preço’ Bolsonaro
Questionado sobre as disputas políticas provocadas a partir do Palácio do Planalto, Arthur Lira disse que estar na hora de o jeito do presidente Jair Bolsonaro agir politicamente ser “precificado” no Brasil.
“A imprensa precisa precificar o jeito do presidente, o mercado precisa precificar, assim como o Congresso já precificou”, argumenta. No jargão do mercado financeiro, “precificar” significa considerar algo como dado e embutir no “preço” as consequências desse fato.