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    Fitch corta perspectiva do Brasil para ‘negativa’ por tensões políticas

    A agência de classificação de risco reafirmou a nota do país em BB-, mas trocou a perspectiva de "estável" para "negativa" e vê queda do PIB de 4% em 2020

    Do CNN Brasil Business*, em São Paulo

    O Brasil não terá um futuro promissor no curto prazo. Pelo menos, essa é visão da agência de classificação Fitch sobre a perspectiva para a nota de crédito soberano no Brasil. Ou seja, o Brasil continuará sem o selo de bom pagador por um bom tempo. A Fitch reafirmou a nota do país em BB-, mas trocou a perspectiva de “estável” para “negativa” – três níveis abaixo do mínimo para grau de investimento (BBB-).

    Os motivos, além do avanço da pandemia de coronavírus causando destruição tanto no sistema de saúde quanto na economia, estão nas incertezas políticas do governo do presidente Jair Bolsonaro. A guerra aberta com o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, por exemplo, não foi bem vista pelos investidores.

    A questão econômica também pesa pelo fato da agência estar preocupada com a deterioração do cenário econômico e fiscal do país, já que o governo está gastando mais para diluir os impactos da Covid-19.

    “A revisão da Perspectiva para Negativa reflete a deterioração das perspectivas econômicas e fiscais do Brasil e os riscos negativos de renovada incerteza política, incluindo tensões entre o Executivo e o Congresso, e incerteza sobre a duração e a intensidade da pandemia de coronavírus”, disse a agência em relatório.

    A Fitch afirmou que isso inclusive pode restringir uma resposta emergencial “considerável” da política econômica à crise do Covid-19. A agência avaliou que o Brasil entrou no atual momento de estresse com equilíbrio fiscal “relativamente fraco” e com “baixo” crescimento econômico.

    “Os ratings do Brasil são sustentados por sua ampla e diversificada economia, alta renda per capita em relação aos pares e capacidade de absorver choques externos”, ressalvou a agência, citando ainda taxa de câmbio “flexível”, desequilíbrios externos “moderados”, reservas internacionais “robustas” e “profundo” mercado interno de dívida do governo.

    Além disso, segundo a Fitch, há dúvidas sobre a duração e a intensidade da pandemia no país, já que o Brasil não tem uma unidade no combate à Covid-19 – presidente, governadores e prefeitos não estão falando a mesma língua.

    Sobre o crescimento econômico, a agência segue a opinião dada pelo secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, em entrevista à CNN: queda de 4% no PIB para 2020. Em 2021, o aumento de 3% não será capaz de compensar a perda deste ano. .

    Porém, a agência ponderou que uma recuperação mais rápida em 2021 pode ser dificultada pelas incertezas fiscais, políticas e do lado das reformas no contexto de aumento do endividamento público.

    Dentre outras agências, a S&P atribui nota “BB-” ao Brasil, e a Moody’s classifica o país como “Ba2”.

    As três agências cortaram o Brasil para território especulativo entre setembro de 2015 e fevereiro de 2016, no meio de um processo de forte aumento de dívida e de intensa deterioração nos ativos locais.

    com informações da Reuters

     

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