Especialistas defendem suspensão do uso da vacina AstraZeneca em gestantes
No entanto, médicos entendem que vacinação com outros imunizantes pode prosseguir normalmente
A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) manifestou-se favoravelmente à suspensão da vacinação de grávidas e puérperas contra a Covid-19 com o imunizante produzido pela farmacêutica AstraZeneca. A recomendação foi feita na noite de segunda-feira (10), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No Rio de Janeiro, a decisão de suspender a aplicação do imunizante ocorreu na terça-feira (11), por parte das secretarias estadual e municipal de Saúde, da capital, após o anúncio da morte de uma grávida de 35 anos. Ela desenvolveu trombose após receber a aplicação do imunizante. O Ministério da Saúde e a Anvisa estudam o caso.
“A vacina produzida em Oxford só deve voltar a ser ministrada neste grupo específico de pessoas, após pesquisas fundamentadas para descobrir se o óbito ocorrido no Rio de Janeiro teve como motivo a aplicação do imunizante contra o novo coronavírus”, disse o comunicado da Febrasgo enviado à CNN.
Após a morte, o governo do estado decidiu paralisar nas unidades da rede estadual a vacinação contra Covid-19 de grávidas e puérperas com todos os imunizantes disponíveis pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), e não apenas com a vacina da AstraZeneca. No entanto, os municípios têm autonomia para tomar as próprias decisões e, na capital, doses de Pfizer e Coronavac seguem oferecidas para esse grupo prioritário.
Presidente da Febrasgo, o médico ginecologista Agnaldo Lopes, disse não concordar com a decisão do estado do Rio de Janeiro em suspender, de forma total, a vacinação de grávidas contra a Covid-19. De acordo com ele, não é correto extrapolar a decisão de interromper a vacinação para gestantes com todas os imunizantes.
“Tivemos um efeito adverso muito sério e nós precisamos investigar. A Pfizer e a Coronavac são imunizantes completamente diferentes e, a princípio, podem ser ministradas em gestantes”, ressaltou Agnaldo Lopes.
Para a ginecologista Cecilia Roteli Martins, o risco proveniente de uma contaminação pelo novo coronavírus supera os possíveis efeitos adversos produzidos pelos imunizantes contra a doença.
“Mais de mil gestantes já morreram no Brasil desde o início da pandemia. Todos nós sabemos que a liberação pela Anvisa foi de caráter emergencial, ainda não temos certeza de nada. Mas o custo-benefício de vacinar é melhor do que esperar sem fazer nada”, concluiu a médica.