Disciplina ajuda a melhorar o sono em momento de ‘medo do futuro’, diz médico
Preocupação com a pandemia pode aumentar distúrbios do sono
Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (16), Sidarta Ribeiro, neurocientista e Vice-Diretor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) analisou o impacto da pandemia na qualidade do sono da população. Ele pondera, ainda, que a falta de disciplina pode potencializar os problemas ligados ao sono.
Dados divulgados pela Associação Brasileira do Sono (ABSONO), no final de 2019, mostram que 45% dos brasileiros tem algum distúrbio na hora de dormir. O neurocientista aponta que este número pode ser ainda maior.
“Estamos passando por uma grande crise, uma crise em que as pessoas estão muito ansiosas. As pessoas de classe média e classe alta conseguem fazer um isolamento adequado e conseguem ficar em casa, mas não conseguem dormir porque estão estressadas. E as pessoas de classe baixa, que não estão recebendo o apoio necessário do estado e nem do privado para estar, de fato, em isolamento”
“Mas as pessoas que estão em casa cumprindo o isolamento, têm a oportunidade de regularizar o sono, dormir por mais tempo, sonhar melhor e de tentar sair desta loucura que é o medo do futuro. Os números da pesquisa podem ser ainda maiores”, explica.
O especialista afirma, ainda, que uma rotina saudável, nas horas antes da pessoa se deitar, pode melhorar o sono efetivamente. ” As pessoas precisam desligar as telas uma hora antes de dormir. Elas não podem fazer isso no meio da madrugada porque vão dormir contra os seus próprios hormônios”
“Aquela pessoa que não tem nenhuma disciplina e quer dormir às quatro da manhã, está remando contra a maré e isso pode se tornar ainda mais grave, agora, devido ao aumento da ansiedade. A pandemia causa um medo da morte generalizado em todas as classes sociais, mas vale lembrar que, no Brasil, os mais pobres estão muito mais vulneráveis e desprotegidos”, disse.
Sidarta ainda reforça a importância da coletividade e solidariedade em meio à crise. “Nós todos agora estamos unificados por um mesmo medo e este é o momento de investirmos na coletividade, na solidaridade e nas medidas que podem nos salvar enquanto espécie, pois individualmente ninguém vai se salvar”, concluiu.