Ausência de dados promove ‘falsa impressão’ sobre pandemia, diz defensor público
Em liminar, órgão pede divulgação diária de dados pelo Ministério da Saúde às 19h
A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com um pedido de liminar na Justiça Federal de São Paulo no último sábado (6), para que o Ministério da Saúde volte a divulgar, imediatamente, até as 19h, os números completos diários sobre o novo coronavírus.
A pasta do governo passou a liberar as atualizações sobre a pandemia no Brasil apenas às 22h e retirou, no site oficial que trata sobre a doença no país, informações dos números acumulados .
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Em entrevista à CNN, na manhã desta segunda-feira (8), defensor público da União João Paulo Dorini, explicou quais são os danos causados pela mudança aplicada pela pasta na divulgação dos dados sobre a Covid-19 no país. Além da subnotificação, para o defensor, a ausência de dados e a flexibilização de medidas colaboram para uma ‘falsa impressão’ sobre a real situação da pandemia.
“O atendimento ao mais pobre e necessitado é o nosso foco na defensoria. A nossa preocupação é porque há indícios claros de subnotificação, se avaliarmos os dados sobre os registros de óbitos e casos de sindrome respiratória aguda. Sem os dados completos e detalhados não conseguimos identificar claramente quais são os grupos que estão sendo mais afetados e quais políticas são necessárias”
“Neste momento, nós vivemos o abrandamento das medidas de distanciamento social, e isso pode criar uma falsa impressão de que o problema da pandemia já passou e que as pessoas podem circular normalmente sem qualquer tipo de prevenção e risco”, completou.
Dorini também explicou que o pedido faz parte de outro processo já existente. “O pedido que fizemos nesse final de semana faz parte de outro processo, que já existe desde o dia 22 de abril, no qual discutimos a forma de coleta e divulgação dos dados relacionados à Covid-19, imaginando que uma coleta mais completa possa permitir que a população tenha uma melhor noção do que tem acontecido, como ela está se espalhando.
“A ideia também é que as políticas públicas, principalmente voltadas para a população pobre e negra, possam ser tomadas, adequadamente, e que materiais possam ser disponibilizados da maneira ideal. (…) Agora aguardamos o retorno do Judiciário”, concluiu.
(Edição: Sinara Peixoto)