Mortes por Covid podem ser de 2 a 3 vezes maiores que número oficial, diz OMS
Especialistas da organização disseram que contagem oficial pode ser "subcontagem significativa"
O número oficial de mortos na pandemia de Covid-19 é provavelmente uma “subcontagem significativa”, disse a Organização Mundial de Saúde nesta sexta-feira (21), estimando que o número real de mortes diretas e indiretas pode ser de duas a três vezes maior.
Apresentando o relatório anual de Estatísticas da Saúde Mundial, a OMS estimou que o total de mortes causadas pela pandemia de Covid-19 em 2020 foi de até 3 milhões a mais do que o 1,8 milhão relatado oficialmente.
“Provavelmente estamos enfrentando uma subcontagem significativa do total de mortes atribuídas direta e indiretamente à Covid-19”, disse a agência da ONU.
Em 20 de maio de 2021, as estatísticas da OMS mostraram que cerca de 3,4 milhões de pessoas morreram globalmente como resultado da pandemia de Covid-19, embora o número real possa ser muito maior, disse a OMS.
Com o aumento do número de mortos na América Latina e na Ásia à medida que novas variantes se espalham, o número de mortos “seria realmente duas a três vezes maior”, disse Samira Asma, subdiretora-geral da divisão de dados e análises da OMS.
“Portanto, acho que, com segurança, cerca de 6 a 8 milhões de mortes poderiam ser uma estimativa prudente”, disse Asma em uma coletiva de imprensa virtual.
A OMS citou a falta de sistemas confiáveis para registrar mortes em muitos países, enquanto, em muitos casos, pessoas morreram de Covid-19 antes de serem testadas para o vírus.
O analista de dados da organização, William Msemburi, disse que as projeções incluem tanto mortes por Covid-19 que não foram relatadas, quanto mortes indiretas, como pacientes que não procuram atendimento médico por outras condições devido à falta de capacidade hospitalar e restrições de movimento, entre outros fatores.
Mesmo em regiões com sistemas de relatórios relativamente confiáveis, a subcontagem era provável. A OMS estimou 1,1 a 1,2 milhões de “mortes em excesso” na região europeia durante 2020, o dobro das 600 mil mortes por Covid-19 relatadas.
Nas Américas, o número de mortes em excesso foi de 1,3 a 1,5 milhão em 2020, 60% maior do que o número de mortes de Covid-19 registrado, de 900 mil naquela região.
“O desafio é que a Covid-19 registrada [número de mortos] é uma subestimação desse impacto total”, disse Msemburi.
A OMS não detalhou o número, denominado por especialistas em saúde como “mortalidade excessiva”.