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    Remdesivir é ‘recurso que beneficiará poucos’, diz infectologista

    Especialistas ouvidos pela CNN relatam preocupação com preço de tratamento aprovado pela Anvisa nesta sexta-feira

    Thayana Araújo e Paula Martini, da CNN, no Rio de Janeiro

    A presidente da Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro, Tânia Vergara, fez uma série de ressalvas a aprovação do antiviral Remdesivir para o tratamento contra a Covid-19 dada pela Anvisa. Um dos maiores limitadores é o preço alto da medicação, que pode custar cerca de U$S 3 mil (em torno de R$ 16,6 mil, na cotação atual) por paciente.

    “Quem será responsável por pagar? Os planos de saúde? O SUS? Os pacientes?”, questiona. “Quando a Anvisa dá o aval, facilita com que pessoas com poder aquisitivo possam adquirir e, por isso, é bom aprovar. Daí até se ser uma conduta de rotina vai uma distância porque os estudos apresentados até o momento não mostraram redução da mortalidade e do risco de intubação. Eu acho que é um recurso que beneficiará poucos”, finaliza Vergara.

    Apesar disso, a infectologista considera que não havia motivos para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negar o uso do Remdesivir no Brasil, já que o medicamento foi aprovado por agências regulatórias de outros países, como Japão e Austrália. Ela ressalta que o medicamento não deve ser usado na fase inicial da doença. 

    Professor de infectologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), José Pozza Junior explica que o tratamento pode agilizar o ‘giro’ de leitos ao reduzir o tempo de internação de pacientes graves. Ele questiona se a capacidade será a mesma nas redes pública e privada.

    “Pelo preço, eu acho que talvez não seja uma opção que a rede pública vá comprar.  Possivelmente vai sair muito mais barato manter o paciente internado por mais dias no SUS do que comprar um medicamento como esse. Na rede privada, talvez seja usado. Não é o Remdesivir que vai resolver nossos problemas”, diz 

    Luis Galan, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda o uso do Redemsivir em casos de coronavirus, mas diz que a ação antiviral da substância já foi comprovada.

    “Ele demostrou benefícios em pacientes internados com uso de oxigênio suplementar (sem ventilação mecânica), principalmente no que diz respeito à diminuição do tempo de internação. Fica evidente que não é a solução ao problema, até pelo alto custo, mas pode ser uma ferramenta terapêutica para alguns casos bem selecionados”.

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