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    Saúde em São Paulo deve entrar em colapso em 15 dias, prevê secretário

    Ocupação de leitos chega a 90%. Com baixo isolamento, as pessoas "vão morrer em casa, vão morrer na rede hospitalar sem respirador", afirma Edson Aparecido

    Da CNN, em São Paulo

    O sistema de saúde da cidade de São Paulo pode entrar em colapso nas próximas semanas, pois a taxa de ocupação de leitos na rede pública chegou na casa dos 90% e os índices de isolamento social seguem abaixo do esperado. A perspectiva foi apontada pelo secretário municipal da saúde, Edson Aparecido, em entrevista à CNN neste domingo (17).

    “Conseguimos estruturar em pouco mais de 45 dias 840 leitos de UTI na cidade, mas na noite de ontem (16) chegamos a 91% de ocupação desses leitos, sendo que em seis hospitais os leitos operacionais já estão esgotados, os pacientes passam a ser dirigidos para leitos em outros hospitais. Foram 2500 novos leitos de enfermaria e já ultrapassamos 76% dessa capacidade de ocupação”, explica, sobre o que tem sido feito até agora.

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    “Com os níveis de isolamento social que não avançam, acreditamos que em pouco mais de 15 dias estaremos com o sistema de saúde de toda a rede hospitalar profundamente comprometida. A rede de atenção básica está bastante pressionada. Estamos transferindo pacientes detectados com sintomas para hospitais de campanha e também vendo um certo esgotamento na rede privada da disposição de leitos para fazermos a contratação. Estamos entrando em um momento bastante delicado neste mês de maio, com um possível esgotamento da nossa rede hospitalar em 15 dias, seguramente”, continua.

     

    Lockdown

    A necessidade de implantar o lockdown – medida extrema para conter a disseminação do vírus no qual apenas as atividades essenciais funcionam e as pessoas podem ter até uma restrição de horário para sair às ruas -. vem sendo discutida à medida que o vírus avança na capital paulista, epicentro da doença no país. Aparecido diz por que a medida não funcionaria em São Paulo.

    “Em todas as cidades, capitais e metrópoles do mundo onde foi aplicado, tinha efetivamente uma maneira de fazer o lockdown, ou seja, poder de polícia, coisa que São Paulo também não tem. Temos 1700 ruas que de um lado é São Paulo e o outro é de outra cidade. Não há estrutura de polícia, não temos condições de fazer isso”.

    Ele aponta que a solução tem que ser tomada em conjunto com as cidades vizinhas. “É fundamental uma iniciativa mais ampla, de fechar não só a cidade, mas toda uma região metropolitana. Temos 14 cidades que não tem um leito sequer de UTI. No hospital de campanha do Anhembi, 243 pacientes são da região metropolitana. A cidade fica muito pressionada, pois tem mais estrutura que as demais, mas não pode tomar sozinha essas decisões de isolamento. É preciso haver o convencimento dos municípios estratégicos da região metropolitana. Se for uma medida isolada, não terá eficácia”. 

     

    Testes

    O secretário diz quem tem sido testado atualmente na cidade para Covid-19. “Estabelecemos uma estratégia de testes. Temos à disposição cerca de 450 mil, que utilizamos em três segmentos: profissionais de saúde que apresentem sintomas, para todas as pessoas que estão nos 21 hospitais da cidade para fazer o isolamento, e para quem procure nossas Unidades Básicas de Saúde (UBS) com sintomas. Não temos como fazer uma testagem em larga escala”. 

     

    Colapso

    Aparecido afirma que, nesse ritmo, em breve o Sistema Único de Saúde (SUS) não dará mais conta. “Todo dia a curva cresce, os números aumentam e, do fim de abril para cá, com velocidade. Antes, com a boa adesão ao isolamento, era menor, hoje cresce de forma muito acentuada. Com o sistema quase que no limite de atendimento, tudo fica mais difícil”.

    Ele explica o raciocínio. “Das cerca de 12 mil pessoas que passaram por algum leito de baixa ou média complexidade ou de UTI, 91% foram salvas. Se tivermos estrutura de saúde, conseguimos salvar as pessoas. Se não, elas vão morrer em casa, vão morrer na rede hospitalar sem respirador. Os sistemas público e privado, se puderem, vão salvar as pessoas. Caso seja um alto número de pessoas que precisam ser tratadas ao mesmo tempo, não vamos conseguir”.

    Quanto mais gente ficar em casa, mais rápido se resolve, garante. “As medidas de isolamento tiveram resultado no primeiro mês, mas decresceram e são insuficientes para termos uma resposta efetiva. Estamos chegando a uma situação bastante complexa nos próximos dias. O pico da doença vai se alongar cada vez mais para frente. Um isolamento mais efetivo faria o pico estar mais perto. Na casa dos 70%, vamos conseguir voltar à vida normal rapidamente. Se não, vai se estender”.

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