Erramos: EUA testaram 8,8 vezes mais contra Covid-19 do que o Brasil
Foram 361 milhões de testes realizados nos Estados Unidos ante 40,9 milhões feitos no Brasil
Com uma testagem baixa para a velocidade da pandemia no país, o Brasil precisa aumentar o número de diagnósticos de contágios pelo novo coronavírus para melhorar o controle epidemiológico. Dados extraídos da rede Coronavírus Brasil, Ministério da Saúde e do projeto norte-americano The Covid Tracking, indicam a realização de 40,9 milhões de testes no Brasil, um número 8,8 vezes menor do que os 361 milhões de testes feitos nos Estados Unidos.
Anteriormente, esta reportagem afirmava que os Estados Unidos testaram 110% da população. Isso seria impossível por superar o tamanho da população. A informação correta é que os Estados Unidos testaram o equivalente a 110% da sua população. Foram 361 milhões de testes.
A versão anterior dizia também, erroneamente, que 19% da população brasileira seria 8 vezes menor que a população americana. O correto é que os Estados Unidos testaram 8,8 vezes mais contra Covid-19 do que o Brasil.
Em meio ao baixo número de testagem, o Ministério da Saúde informou que tem cerca de 2,8 milhões de testes armazenados, cujo prazo de validade dos testes já foi estendido até julho deste ano, com a possibilidade de nova avaliação da Anvisa para outra extensão da validade destes testes PCR.
Segundo o ministério, “a pasta trabalha, juntamente com os estados e municípios, para que nenhum teste perca a validade”. Recentemente, o Brasil ofereceu quase 1 milhão de testes próximos do vencimento para o Haiti, que recusou a oferta brasileira.
Para o doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fiocruz, Diego Xavier, esse armazenamento é “absurdo”.
Segundo ele, o Brasil tem testado cinco vezes menos do que o necessário para se aproximar da realidade da pandemia no país, e o país tem muito mais casos do que os já mais de 13 milhões informados.
“Temos que aumentar no mínimo cinco vezes o número de testes para se aproximar da realidade da pandemia aqui no Brasil. Temos muito mais casos do que é anunciado. Precisamos urgentemente de um programa de testagem melhor estruturado e muito mais amplo. E vamos precisar disso mesmo com a vacinação em curso; que inclusive está muito mais lenta do que deveria. Nesse cenário, é um absurdo deixar testes perderem a validade dessa forma. Faltou planejamento”, afirma o pesquisador.
O pesquisador também defendeu uma postura proativa para a testagem. “Os agentes de saúde deveriam estar testando muito mais. Ao invés de esperar as pessoas buscarem por testes, o país deveria ter uma postura proativa; ir atrás dos casos, rastreá-los, antes deles chegarem aos sistemas de saúde, muitas das vezes já com gravidade elevada”, afirmou Xavier, completando que “a epidemia não se resolve atendendo casos graves, mas sim justamente os evitando”.