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    Brasil deve focar em adquirir vacinas já regulamentadas, alertam médicos

    "É uma boa notícia que nós tenhamos vacinas desenvolvidas no país, entretanto elas serão colocadas para um momento seguinte, nós precisamos de vacinas agora"

    Produzido por Layane Serrano , Da CNN, em São Paulo

    O governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, e o governo federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC), anunciaram na sexta-feira (26) que estão desenvolvendo as vacinas Butanvac e Versamune, respectivamente.

    Em coletiva de imprensa, o governador João Doria e o diretor do Butantan chegaram a afirmar que 40 milhões de doses estariam prontas em julho. No entanto, o prazo parece um pouco ousado.

    Para a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações de São Paulo, Melissa Palmieri, é preciso diferenciar o tempo de produção que se leva a aprovar e levar a vacina ao braço do cidadão. 

    “A produção é uma coisa, é factível, mas até as vacinas estarem prontas no braço do brasileiro, tanto a Butanvac, quanto a Versamune, de Ribeirão Preto, há um longo caminho a se percorrer”.

    “As fase 1 e 2 levam, no mínimo, 3 meses. Depois que você tem dados positivos destas fases, você ainda tem a fase 3 que precisa de casos em humanos para demonstrar a eficácia”, ressalta a médica.

    É por isso que, para Palmieri, neste momento de recrudescimento da pandemia “nós temos que priorizar as vacinas que já estão com aprovação de regulamentação emergencial ou as que já tiveram a regulamentação final”

     O médico e ex-presidente da Anvisa, Cláudio Maierovitch, corrobora com a análise de Melissa e discorda do que foi dito na coletiva de imprensa do governo de São Paulo.

    “As vacinas [Butanvac e Versamune] não estarão disponíveis em julho e isso não é por causa da Anvisa, mas porque há tempos necessários para que se façam estas pesquisas. É um produto novo e que vai ser testado”.

    Para além do tempo dos estudos clínicos, Maierovitch levanta dois obstáculos para a fase da testagem em humanos que tem a ver com a maior parte da população que pertence ao grupo de risco já estar vacinada e, também, com o fato de não podermos mais fazer comparações complacebos, mas sim com imunizantes que já são eficazes.

    “Boa parte do grupo considerado mais vulnerável já estará vacinado até a metade do ano, então isso significa que os testes não poderão ser realizados nas populações mais vulneráveis e isso traz desafios para a interpretação”.

    “Uma vez que já existem vacinas comprovadamente eficazes e seguras, os testes não poderão mais ser feitos com placebo. Eles devem ser feitos em comparação com as vacinas já existentes. E, com isso, será preciso testar um número muito maior de pessoas para ser possível enxergar diferenças menores entre dois imunizantes”, conclui. 

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