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    Fila de espera por UTI no Rio sobe 4.300% em 28 dias e é a maior da pandemia

    Segundo infectologista, nova variante e baixa adesão as medidas restritivas influenciaram a alta demanda

    Leitos de UTI no Hospital Ronaldo Gazzola, na zona norte do Rio de Janeiro, durante pandemia da Covid-19
    Leitos de UTI no Hospital Ronaldo Gazzola, na zona norte do Rio de Janeiro, durante pandemia da Covid-19 Foto: Wilton Júnior/Estadão Conteúdo (10.mar.2021)

    Mylena Guedes*, da CNN, no Rio de Janeiro

    O estado do Rio de Janeiro registrou, nesta terça-feira (23), a maior fila de espera por um leito de UTI na rede pública desde o início da pandemia. De acordo com o Painel Coronavírus, 528 pacientes com confirmação ou suspeita da doença aguardam por uma vaga em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) na rede estadual. 

    Esse número, registrado em um único dia, é maior do que todo o mês de fevereiro, quando havia 414 pacientes na fila de espera por um leite de internação na UTI.

    Para se ter uma ideia do aumento no número de pessoas na fila da UTI, há 28 dias o Painel registrava apenas 12 pessoas aguardando por uma vaga. Do dia 23 de fevereiro ao dia 23 de março houve um aumento de 4.300% de pacientes necessitando de terapia intensiva.

    O infectologista e epidemiologista Bruno Scarpellini, pesquisador do Departamento de Medicina da PUC-Rio, afirma que a circulação de novas variantes no estado pode colaborar para este cenário. Isto porque a variante de Manaus, que é a mais dominante no Rio e no Brasil, tem maior capacidade de transmissão.

    “Assim como a variante britânica, a cepa de Manaus aumenta a transmissão entre as pessoas sem necessariamente aumentar a letalidade do vírus. Esse fator, por si só pode gerar uma demanda maior. Existe uma proporção fixa de pessoas que vão evoluir para gravidade, que é em torno de 5%. Ou seja, quando a transmissão aumenta, consequentemente, a procura por leitos de UTI cresce junto”.

    Além disso, o especialista lembra que a queda na taxa de isolamento, a baixa adesão as medidas restritivas e as aglomerações também influenciaram diretamente no aumento da demanda dos leitos hospitalares. Scarpellini ressalta ainda a necessidade de uma rápida vacinação.

    “Especificamente a P1 (variante de Manaus) tem uma característica que é muito benéfica. Ela é sensível aos anticorpos da infecção anterior e aos anticorpos da vacinação. Sendo assim, a gente precisa acelerar a vacinação e diminuir a disseminação do vírus”, explica ele.

    Apenas na capital fluminense, são 54 casos confirmados da nova variante, de acordo com o último Boletim Epidemiológico da prefeitura, divulgado na sexta-feira (19). Destes infectados, nove são moradores do município.

    *Sob supervisão de Isabelle Resende