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    Hospitais privados de SP dizem estar sem remédios para intubar pacientes

    Faltam anestésicos, relaxantes musculares e outros remédios usados no atendimento a pacientes de Covid-19

    Fabricio Julião, da CNN em São Paulo

    Mais de 95% dos hospitais privados de São Paulo afirmaram que estão sofrendo com a falta de medicamentos, entre eles anestésicos, relaxantes musculares e outros remédios fundamentais para intubar pacientes com Covid-19. Entre o total de hospitais avaliados na pesquisa do Iepas (Instituto de Ensino e Pesquisa na Área da Saúde), 90,91% estão atendendo casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus. 

    O estoque desses produtos possibilita a manutenção da assistência, em média, por até um mês para 27,45% dos hospitais, mas quase metade dos hospitais têm estoques que devem durar menos de 30 dias. Só 9,8% têm estoques superiores a um mês. 

    Bloqueadores musculares e neuromusculares, utilizados como relaxantes musculares em intubação e ventilação mecânica, tiveram taxas elevadas de carência. Estão em falta o Atracúrio 10 mg/ml, para 59% dos hospitais; Rocurônio 10 mg/ml e 5 mg/ml (54,5%); Cisatracúrio 5 ml (54,4%);  Atracúrio Besilato 10 mg/ml (39,4%); Cisatracúrio 10 ml (31,8%); Pancurônio 2 mg/ml (16,7% dos hospitais); entre outros. 

    Já entre analgésicos opioides, utilizados para anestesia e manutenção da sedação, 63,6% dos hospitais queixam-se principalmente da falta de Fentanila Citrato 10 ml, enquanto 47% dos pesquisados citam a Fentanila Citrato ampola de 0,05 ml. Outros medicamentos como Remifentanila 2 mg/ml (28,8%) e Sufentanila ampola 50 mcg/ml (25,8%) também foram mencionados.

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    Denúncia de venda casada

    Diversos foram os motivos relatados para a falta dos medicamentos, como alta procura (73,44%), problemas na importação (40,63%), falta de estoque (31,25%), capacidade de produção (21,88%) e aumento de custo (6,25%).

    No entanto, segundo o estudo, em alguns hospitais houve exigências de pagamento à vista ou adiantado, prazo de entrega estendido, aumento abusivo no valor dos produtos e exigência de “venda casada” — ou seja, o fornecedor só vende o medicamento se o hospital comprar testes para Covid-19 e outros mercadorias. Esses relatos de casos mais graves foram feitos por meio de contato telefônico com os hospitais, e o Iepas afirmou que não foi possível mensurar sua frequência. 

    A pesquisa foi realizada após denúncias de hospitais associados do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo). O levantamento foi realizado durante os dias 7 a 19 de julho, e contou com a participação de 69 hospitais privados do estado. 

    Para apurar as denúncias, o Iepas contou com o apoio da Fehoesp (Federação dos Hospitais, Clínicas, Casas de Saúde, Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas e Demais Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado de São Paulo), SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo) e Ahesp (Associação dos Hospitais do Estado de São Paulo). 

    No dia 8 de julho, a Fehoesp enviou ofícios denunciando a falta dos medicamentos e pedindo providências a diversos órgãos públicos federais, estaduais e municipais. 

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