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    Anticoagulantes podem ajudar pacientes graves de COVID-19, segundo estudo

    Pesquisa do hospital Mount Sinai, de Nova York, pode ajudar a enfrentar o surgimento de coágulos em todo o corpo, complicando uma doença já difícil de tratar

    Maggie Fox, da CNN

    Medicamentos anticoagulantes podem ajudar a salvar alguns pacientes afetados mais seriamente pelo novo coronavírus. A descoberta foi apontada por uma equipe do hospital Mount Sinai, de Nova York, em relatório publicado na quarta-feira, dia 6 de maio.

    A abordagem pode ajudar a enfrentar um problema preocupante que chocou e horrorizou médicos que tratam pacientes com coronavírus em todo o mundo: o surgimento de coágulos sanguíneos em todo o corpo, complicando uma doença já difícil de tratar.

    A equipe diz que está realizando experimentos para ver quais anticoagulantes podem funcionar melhor e em quais doses.

    “Os pacientes que receberam anticoagulantes se saíram melhor do que aqueles que não receberam”, disse à CNN o médico Valentin Fuster, diretor do Mount Sinai Heart e médico-chefe do hospital Mount Sinai. “Isso já traz implicações. Acredito que as pessoas devem tratar esses pacientes com antitrombóticos”.

    Os resultados ainda não são claros o suficiente para fazer recomendações sólidas. No entanto, a equipe observou que os pacientes que já estavam gravemente doentes eram mais propensos a receber os anticoagulantes.

    Evolução

    Fuster e seus colegas analisaram mais de 2.700 pacientes tratados no Monte Sinai, na cidade de Nova York, que foi duramente atingida pelo coronavírus. A partir de março, alguns pacientes receberam medicamentos anticoagulantes, com base nas decisões tomadas nos leitos durante os atendimentos médicos.

    A equipe começou a analisar sistematicamente se os medicamentos faziam diferença, especialmente em pacientes que estavam usando respiradores. No acompanhamento, descobriram que 29% dos pacientes em respiradores que receberam anticoagulantes morreram, em comparação com 63% dos pacientes em ventiladores que não receberam o medicamento e também foram a óbito.

    “Nossas descobertas sugerem que anticoagulantes sistêmicos podem estar associados a melhores resultados entre pacientes hospitalizados com COVID-19″, escreveu o grupo no relatório publicado no Journal of the American College of Cardiology.

    Não foi relatado se os pacientes que receberam anticoagulantes eram significativamente mais propensos a desenvolver hemorragias, um dos riscos desses medicamentos.

    De acordo com o médico-chefe do Mount Sinai, pacientes diferentes receberam doses e tipos variados de anticoagulantes. Por isso, será importante estudar detalhadamente qual combinação de dose e medicamento funciona melhor.

    Testes

    Após o estudo inicial, a equipe agora testará tanto doses variadas da heparina, a droga mais comum para diluir o sangue, como de um dos mais novos medicamentos anticoagulantes orais, a dabigatrana, um inibidor direto oral da trombina.

    Não há dúvida de que a formação de coágulos no sangue é um fator importante na morte de pacientes com COVID-19, disse Fuster. “Fizemos 75 autópsias e a coagulação é um problema, sem dúvida. Começa com os pulmões, seguido pelos rins, o coração e acaba no cérebro”.

    Segundo o médico, as consequências são arrasadoras. “Isso é tão dramático para todos nós. A gente sente que pode fazer muito pouco para manter a vida do paciente”, desabafou.

    O médico-chefe do Mount Sinai também gostaria de estudar se os anticoagulantes poderiam ajudar pacientes que não estão doentes o suficiente para serem hospitalizados. Alguns hospitais relataram um aumento preocupante de ocorrências de AVC entre pessoas com menos de 50 anos que normalmente não corriam risco. Mais tarde, descobriu-se que muitos desses pacientes estavam infectados com o coronavírus.

    Ainda não está claro por que o vírus causa coágulos, mas o aumento da coagulação pode ser um efeito colateral em inflamações graves causadas por alguns vírus.

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