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    Exagera no álcool em gel? Risco de contágio não compensa esforço, diz estudo

    Pesquisadores indicam que poder público deve se concentrar em evitar transmissão aérea do novo coronavírus

    Raphael Coraccini, colaboração para a CNN Brasil

    Embora não seja impossível, contrair o novo coronavírus ao tocar em superfícies algo é raro. É o que aponta estudos liderados pelo professor de microbiologia da Rutgers University Emanuel Goldman e que alertam sobre a necessidade de focar esforços e recursos no combate à disseminação aérea do vírus.

    A revista científica Nature destacou o trabalho do professor para contestar o trabalho que tem sido feito por agências sanitárias, ao dispersar esforços no combate à proliferação do vírus dizendo que a limpeza de superfícies deve ser frequente.

    Em artigo publicado na edição da última quinta-feira (4), a revista aponta que a atitude de algumas agências de saúde de enfatizar que as superfícies representam risco estão no caminho oposto ao que aconselham os estudos. “O resultado é uma mensagem pública confusa”, afirma o texto. “É necessária uma orientação clara sobre como priorizar os esforços para prevenir a propagação do vírus.”

     

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou orientações em outubro do ano passado alertando sobre a necessidade de evitar tocar em superfícies em lugares públicos, os chamados fômites, que são objetos inanimados capazes de reter organismos vivos, como um vírus. A OMS reconheceu, em janeiro deste ano, que há evidências limitadas da transmissão do vírus via superfícies, mas ainda mantém em suas comunicações oficiais destaque para a afirmação de que o fômites são “considerados um possível modo de transmissão”.

    O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, responsável por emitir os protocolos de combate ao coronavírus, também aconselha, em seu site, a “frequente desinfecção de superfícies e objetos tocados por várias pessoas”.

    A publicação científica afirma que, apesar de não estarem incorretos, os alertas causam confusão nas pessoas e nas organizações quando essas precisam escolher onde concentrar esforços. “Essa falta de clareza tem implicações sérias. Pessoas e organizações continuam concentrando esforços na desinfecção dispendiosa (de objetos), quando poderiam colocar mais recursos para enfatizar a importância das máscaras e apostar em medidas para melhorar a ventilação”, detalha o texto.

    Quando o assunto é orçamento público, a aplicação correta de medidas preventivas é ainda mais urgente. A Autoridade Metropolitana de Trânsito de Nova York estima gastar cerca de US$ 380 milhões até 2023 com medidas para combater a proliferação do vírus, e pediu ao governo americano conselhos sobre se deve focar esforços exclusivamente na contenção de aerossóis ou também incluir na conta a higienização de superfícies.

     

    Baseada nos estudos de Goldman, a publicação científica indica que, como a proliferação do vírus se dá quase totalmente pelo ar, na disseminação de gotas grandes e pequenas de saliva e secreção nasal, “os esforços para prevenir a propagação (do vírus) devem se concentrar em melhorar a ventilação ou instalar purificadores de ar rigorosamente testados. As pessoas também devem ser lembradas de usar máscaras e manter uma distância segura”, diz a revista.

    O texto destaca ainda a necessidade de as autoridades sanitárias, como OMS e CDC,  atualizarem suas recomendações, deixando claro que a contenção do vírus será obtida não pela limpeza de objetos, mas por medidas que evitam a inspiração de ar contaminado.

     

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