Mandetta diz que não sai de ministério e questiona quarentenas em estados
"Saio daqui quando acharem que eu não devo mais ficar, o presidente que me nomeou, se eu ficar doente ou se eu sentir que eu não sou mais necessário", disse
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), afirmou nesta quarta-feira (25) que não cogita deixar o cargo.
“Eu não saio daqui. Saio daqui quando acharem que eu não devo mais ficar, o presidente que me nomeou, se eu ficar doente ou se eu sentir que eu não sou mais necessário, quando a crise tiver passado”, disse.
Ele também ponderou o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que criticou as medidas de restrição de circulação adotadas pelos governos de diversos estados.
Para o ministro, é preciso tomar cuidado com as especificidades de cada região e com os serviços essenciais. “Tem ações que foram tomadas que impedem o funcionamento do próprio sistema de saúde”, disse.
Mandetta afirmou que quer discutir individualmente com os governadores quais são as atividades necessárias e as medidas que serão adotadas em casa região. O ministro diz que as decisões serão tomadas de acordo com critérios técnicos.
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“As pessoas precisam saber quando a quarentena termina. O prazo final precisa ser dito, por isso, não é uma medida que se toma do nada. É preciso planejamento”, afirmou o ministro Mandetta, que deixou a entrevista coletiva antes das perguntas dos jornalistas.
Pronunciamento
Segundo Daniela Lima, âncora da CNN, aliados, amigos e até parentes do ministro defenderam abertamente que o ministro pedisse demissão depois que o presidente Jair Bolsonaro contrariou em seu pronunciamento orientações das autoridades de saúde, incluindo do próprio Ministério da Saúde.
Em pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro criticou “algumas poucas autoridades estaduais e municipais” que, segundo ele, adotaram o que chamou de “conceito de terra arrasada”. Ele criticou medidas restritivas para o transporte, o comércio e, em especial, o fechamento de escolas.
“O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o de pessoas com mais de 60 anos. Então, por que fechar escolas?”, questionou. O Ministério da Saúde manifestou desde o início da crise uma preocupação com o fato de crianças serem assintomáticas e, portanto, poderem transmitir o vírus sem que haja manifestação evidente da COVID-19.
Desde que foi confirmada transmissão comunitária no país, o ministro Luiz Henrique Mandetta recomenda evitar aglomerações, além da redução do contato social.
O presidente também disse que o vírus “brevemente passará”. No entanto, a previsão do próprio Ministério da Saúde é de que a fase mais aguda da epidemia do novo coronavírus vai durar ao menos até julho.
Casos
De acordo com o balanço do Ministério da Saúde, o Brasil tem 2.433 casos confirmados do novo coronavírus (COVID-19), com um total de 57 óbitos. No balanço de terça-feira, o total de casos no Brasil era de 2.201, com 46 mortes.
São Paulo é o estado com o maior número de casos — 862 no total. Depois vêm Rio de Janeiro (370), Ceará (200), Distrito Federal (160), Minas Gerais (133), Rio Grande do Sul (123) e Santa Catarina (109).