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    Ministério da Saúde prevê abertura de 139 leitos na rede federal do Rio

    Do total programado, 80 leitos serão entregues nesta semana para tentar diminuir a fila de espera para tratamento da Covid-19

    Iuri Corsini e Thayana Araujo, da CNN, no Rio de Janeiro

    O Ministério da Saúde (MS) informou à CNN que vai abrir 139 leitos na rede federal do Rio de Janeiro. Nesta semana, 80 leitos serão cedidos exclusivamente para tratar pacientes com Covid-19. Destes, serão 50 leitos de enfermaria e 30 de UTI. A pasta ainda informou que na próxima semana serão abertos outros 59 leitos, sendo 31 de enfermaria e 28 de UTI.

    Atualmente, ainda conforme o MS, há 132 leitos na rede hospitalar federal destinados ao tratamento da Covid- 86 de enfermaria e 46 de UTI.

    Com a nova previsão, o estado do Rio terá, em até duas semanas, o total de 271 leitos federais (167 de enfermaria e 104 de CTI) cedidos exclusivamente para pacientes com Covid-19.

    Os 139 leitos previstos para serem abertos nas próximas duas semanas suprem apenas 18% do total de leitos da rede federal que estão inativos, conforme dado apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Na ocasião, o Ministério Público do TCU afirmou que os hospitais federais apresentam 770 leitos impedidos de uso, o que corresponde a uma indisponibilidade de 48%, quase metade dos leitos inativos na rede federal fluminense.

    UTI de hospital em São Paulo em meio à pandemia da Covid-19
    UTI de hospital em São Paulo em meio à pandemia da Covid-19
    Foto: Amanda Perobelli/Reuters (3.jun.2020)

    Porém, um outro problema ainda precisa ser sanado: a falta de recursos humanos para dar conta de suprir a demanda. Segundo o diretor do Sindicato dos Enfermeiros, Marco Schiavo, as centenas de leitos “estão fechados por falta de pessoal”.

    “Esse fechamento de leitos vem acontecendo devido a não realização de concurso público por muito tempo. O SUS já vem sendo sucateado há muito tempo. Vários profissionais morreram ou se aposentaram e a sua vaga nunca é preenchida por um novo servidor”.

    Ainda de acordo com Schiavo, existe hoje um déficit de 14.500 profissionais de saúde.

    Questionado, o MS informou que “permanece trabalhando na busca pelas contratações de RH específicos para abertura de mais leitos, e, assim, aumentar a disponibilidade de vagas na rede federal, particularmente de leitos exclusivos de UTI”.

    Na última quinta-feira (25), a juíza Maria Amélia Almeida Senos de Carvalho, da 23ª Vara Federal do Rio de Janeiro, determinou que a União readmita todos os servidores e funcionários terceirizados de hospitais federais do Rio de Janeiro demitidos sem motivação a partir de 11 de março do ano passado, além da reabertura dos leitos fechados na rede federal.

    Agora, a União tem até o dia 5 de abril para reconvocar os profissionais demitidos. Conforme a Comissão de Saúde da Alerj, cerca de 2.600 funcionários terceirizados foram demitidos desde março do ano passado.

    Falta de kit intubação

    O Conselho Regional de Medicina do RJ emitiu nesta segunda-feira (29) um alerta para a possível falta de remédios usados em procedimentos recomendados para alguns pacientes com Covid-19, como a intubação traqueal e ventilação mecânica, também conhecidos como “kit intubação”. A preocupação é válida para todo o estado e levou em consideração o alto índice de pacientes que precisam hoje desse tipo de terapêutica, sem contar o aumento da fila de espera por UTIs.

    O Rio de Janeiro fechou o domingo (28) com 92.4% da ocupação de leitos. Pelo sexto dia consecutivo, o número de pessoas que aguardam por vagas nos hospitais do estado bateu o recorde. Até o final da tarde de domingo, 710 pessoas estavam na fila para o tratamento na Unidade Terapia Intensiva (UTI) e 270 na enfermaria. Ao todo 989 pacientes esperam por internações. Na última sexta-feira (26), mais de 600 pessoas já aguardavam nas filas.

    Devido ao agravamento do cenário da saúde pública do Rio de Janeiro nos últimos dias, o Conselho reforçou algumas orientações aos médicos, principalmente os anestesiologistas, que, priorizem, em procedimentos anestésico-cirúrgicos, a utilização de fármacos que não estejam sendo usados nas UTIs, como os anestésicos inalatórios e bloqueios regionais, desde que a alteração não comprometa a segurança do ato anestésico-cirúrgico.

    “Estamos agindo por precaução. Não existe uma falta, mas a demanda está alta por esses medicamentos, muito maior do que a habitual. Isso é um fato. Precisamos nos prevenir em prol da qualidade da assistência médica no nosso estado e para garantir o melhor tratamento para os nossos pacientes”, explica Walter Palis, presidente do Cremerj. O médico disse ainda que orienta a interrupção provisória no agendamento de procedimentos anestésico-cirúrgicos eletivos não tempo-sensíveis (que a espera pode agravar), nos quais venham a ser utilizados quaisquer desses medicamentos, com a finalidade de poupá-los para as UTIs.

    A nota técnica emitida pelo Conselho faz um apelo também, para que os gestores públicos providenciem, com urgência, vacinação para todos os médicos e demais profissionais de saúde, além de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em larga escala para o uso deles. O documento pede, ainda, que as autoridades sejam provedoras de leitos de qualidade para a assistência da população, sejam eles de enfermaria ou de UTI para tratar casos de Covid-19 ou outras doenças.

    O secretário municipal de saúde do RJ Daniel Soranz, chegou a dizer neste domingo (28), durante uma agenda pública que a capital tem cerca de 1.300 pessoas internadas por covid e muitos adoeceram gravemente nos últimos dias. O número expressivo de casos gerou a alta do consumo nacional de insumos hospitalares e isso tem dificultado o acesso à compra. “Só rede municipal tem 1300 leitos. Precisamos ampliar mais o número de leitos 880 em leitos municipais. Rede estadual e federal se comprometeram com abertura de leitos ao longo da semana a gente vai acompanhar o aumento.”, afirmou Soranz.