Corpo humano demora mais para eliminar vírus de nova cepa, diz infectologista
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, afirma que a taxa de letalidade por Covid-19 no Brasil chega a 3%
O infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, afirma que as novas cepas do novo coronavírus são mais transmissíveis porque o vírus tem a capacidade de ficar mais tempo no organismo e, consequentemente, contaminar por um longo período.
“Desde a cepa inglesa, e parece que com a brasileira também, o tempo de eliminação do vírus é maior. Ou seja, aquela pessoa que está com o vírus e está doente não transmite apenas um ou dois dias antes de apresentar sintomas e cinco dias depois de confirmar a infecção. Agora, ela começa a transmitir até quatro ou cinco dias antes de ter qualquer sintoma e, depois, continua transmitindo até por sete ou dez dias”.
Como o corpo humano está demorando mais para eliminar o vírus do organismo, as variantes circulam muito mais e atingem mais pessoas.
“O tempo de excreção do vírus aumentou em tempo e, consequentemente, você tem muito mais vírus circulando por aí. Mesmo entre aqueles que não sabem nem que estão doentes”, explica Renato.
De acordo com o médico, como os jovens estão se expondo mais ao risco de se contaminar, o percentual de internados nesta faixa etária está aumentando. “Entre os adultos jovens que compunham cerca de 22% do total de internações de casos graves e mortes, passamos para 31%”.
Taxa de letalidade
Kfouri falou também sobre a média de mortes no Brasil e a taxa de letalidade entre os que são infectados pelo novo coronavírus. Segundo ele, a taxa está em 2,9% e 3%.
“Uma conta simples e, infelizmente trágica, é que nós registrando 90 mil casos por dia. Nós já antecipamos que daqui a uma semana serão 3.000 óbitos diários que nós vamos chegar em breve, provavelmente”, analisa.
O infectologista teme que essa taxa possa atingir um percentual maior se os recursos básicos para atendimento de pacientes com a doença começarem a faltar.
“Se nós não tivermos leitos, se nós continuarmos deixando pessoas na fila de espera para uma UTI ou para receber oxigênio, nós vamos perder muito mais pessoas que poderíamos ter salvo se tivéssemos estes recursos”, conclui.