Roraima confirma casos de COVID-19 e todos os estados têm infectados
A maior parte dos casos continuam no Sudeste, com 642 confirmações da doença e 18 óbitos, sendo 15 em São Paulo e três no Rio de Janeiro
O último estado que ainda resistia à pandemia sucumbiu. Agora, Roraima também pessoas infectadas pela COVID-19. A prefeita da capital Boa Vista, Teresa Surita, confirmou os dois primeiros casos de coronavírus no estado. Com isso, agora, todos os estados mais o Distrito Federal têm casos confirmados da doença. Com a confirmação dos dois casos, sobem para 1130 o número de infectados.
Até a tarde deste sábado, o Ministério da Saúde não havia confirmado os casos no estado do Norte. Durante coletiva com integrantes do Ministério da Saúde, o governo federal atualizou o número de casos de COVID-19 no país para 1128 e 18 mortes, representando uma letalidade de 1,6%. A maior parte dos casos continuam no Sudeste, com 642 confirmações da doença e 18 óbitos, sendo 15 em São Paulo e três no Rio de Janeiro. A segunda região com mais casos é o Nordeste (168), seguido pelo Sul (154), Centro-Oeste (138) e Norte (26).
O governo também afirmou que não divulgará mais casos suspeitos. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, o governo está seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde.
Segundo o secretário, como já houve uma proliferação da doença, tendo infectados que não estiveram em outros países em que a doença já havia disseminado ou nem mesmo contato com outros viajantes, a opção é apenas de apresentar os dados confirmados.
“Agora, todos os casos podem ser considerados suspeitos e por isso vamos seguir a recomendação da OMS”, diz ele.
Ajuda de outros países
O Ministério da Saúde também está em contato com outros países para conseguir obter equipamentos de proteção individual, além daqueles necessários para funcionamentos de UTIs e laboratórios. Segundo o secretário, há contatos com diversos países, como China, Coreia e Índia. Outro problema que está sendo resolvido é com o envio de respiradores para a Itália, que estavam bloqueados.
“O envio desses equipamentos para a Itália é como uma parceria. Vamos ajudá-la a ter uma redução e, provavelmente, a Itália ajudará ao Brasil quando tivermos uma situação de maior gravidade no futuro. A orientação do ministro é que, se pudermos ajudar algum país, vamos ajudar. E esse país nos ajudará no futuro”, disse o secretário.
O governo afirmou que já há a disponibilidade de navios de cruzeiro para serem utilizados como locais de tratamento. “Se o Estado necessitar dessa solução, ela estará disponível”, diz Reis. “As empresas continuam colocando embarcações à disposição.”
Segundo o secretário Oliveira, o governo mantém uma relação próxima com a China. Para exemplificar a importância desse contato, ele lembrou da epidemia de zika ocorrida no Brasil, em 2015. “Naquela época, muitos duvidaram da gente e nos tornamos os maiores especialistas em zika. Da mesma forma, a China é o país que mais entende da atual doença e de como diminuir o impacto dela”, diz ele.
Cautela com hidroxicloroquina
Foi questionada a decisão do presidente Jair Bolsonaro, anunciada nas redes sociais, de aumentar a produção de cloroquina e hidroxicloroquina contra a COVID-19. De acordo com Reis, esses remédios estão sendo vistos como uma opção para o tratamento de pacientes graves e, caso isso seja confirmado, haverá uma ampliação de produção.
“Por isso, o presidente autorizou que o Exército possa fazer isso. Porém, ainda são protocolos clínicos experimentais para avaliar os benefícios com síndrome respiratória grave”, disse Wanderson Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério.
O Ministério da Saúde pretende elaborar uma nota sobre a utilização desses medicamentos. No entanto, para evitar uma corrida para a farmácia, os secretários afirmaram que houve um bloqueio da retirada desses remédios sem receita.
No momento, apenas pessoas com receita para tratamento de enfermidades como malária, lúpus e artrite reumatoide. “Ninguém vai poder guardar esse remédio pensando no coronavírus. Além disso, ele tem uma série de efeitos colaterais e não é para quem está gripado”, diz o secretário-executivo.
A respeito do aumento da taxa de letalidade, o governo afirmou que não há número de casos suficientes para saber se a taxa do Brasil ficará acima ou abaixo da média mundial. “A taxa do Brasil é de 1,6% e a média global é de 3,5%. Porém, ainda temos um número pequeno de casos para ter uma confiabilidade dessa taxa”, diz Reis.
Vacinação contra gripe
A respeito do início da campanha de vacinação contra a gripe, que será iniciada na próxima segunda-feira, o governo reiterou que o público-alvo será acima das pessoas acima dos 60 anos. Segundo o Ministério, houve uma recomendação de adiamento da vacinação de crianças até para que haja o número suficiente de vacinas para idosos e profissionais da saúde.
O governo também está alinhando dados de pacientes infectados que estão internados em unidades de tratamento intensivo. Por enquanto, há apenas o número de 30 pessoas que estão em São Paulo.
“Houve um aumento no número de internações de pessoas em Pernambuco, mas que não se enquadravam como pacientes com COVID-19. Isso necessitou uma validação do Ministério da Saúde, então estamos organizando a captação desses dados para também começar a divulgá-los com regularidade”, diz Reis.
Ajuda da população
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, também fez um apelo para que as pessoas sigam as recomendações das autoridades para reduzirem o contato social no enfrentamento ao novo coronavírus.
“As pessoas não podem esperar apenas o poder público. As pessoas terão que fazer a sua parte, com calma e tranquilidade. Não adianta ter pânico. Todos sabem que quanto mais tempo estivermos em casa, mais vamos diminuir a velocidade de transmissão da doença”, pediu.
Ele voltou a citar os esforços do governo para compra de novos testes, insumos e aumento de leitos de UTIs. “Poderá faltar máscara e equipamentos de ventilação mecânica, mas estamos fazendo um esforço muito grande. Vamos enfrentar essa doença com calma e tranquilidade. Todos os países vão ter problemas, nenhum país consegue passar pela pandemia sem dificuldades, e com o Brasil não será diferente”, reconheceu.
Ainda assim, segundo ele, o número de óbitos e internações podem se reduzir com a ajuda da população. “Está em nossas mãos. A população precisa entender que, com essas medidas, as pessoas não protegem só a si mesmas, mas também os seus familiares de maior idade. Esperamos que seja por pouco tempo”, concluiu.
*(Com Estadão Conteúdo)