Conselho americano diz que AstraZeneca divulgou dados incompletos da vacina
Imunizante do laboratório mostrou 79% de eficácia contra casos sintomáticos do coronavírus e 100% de eficácia contra formas graves da doença
O conselho americano que monitora resultados de pesquisas clínicas diz que os recentes dados de eficácia da vacina da AstraZeneca/Oxford contra o novo coronavírus estão incompletos. O laboratório britânico diz que pretende disponibilizar informações mais atualizadas até quinta-feira (25).
A mensagem no site da farmacêutica britânica AstraZeneca diz que a pesquisa divulgada na segunda-feira (22) foi baseada em uma análise preliminar de dados relativos até 17 de fevereiro, e que uma nova revisão dos resultados mostrou que os dados são condizentes com o relatório divulgado.
O estudo clínico foi feito com 32 mil pessoas nos Estados Unidos, Peru e Chile — o maior já realizado até agora sobre o imunizante da AstraZeneca, e mostrou 79% de eficácia para prevenir infecções sintomáticas e 100% de eficácia para evitar casos graves e hospitalizações.
Mas os americanos não se convenceram. Um dia depois da divulgação da pesquisa, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos disse ter sido notificado pelo Conselho de Monitoramento de Dados e Segurança.
Os dados estariam incompletos, segundo esse conselho, e não seriam suficientes para mostrar que a vacina é realmente segura e eficaz.
O Conselho de Monitoramento de dados e segurança é formado por especialistas independentes que supervisionam os estudos clínicos em andamento nos Estados Unidos. Esse comitê trabalhou em conjunto com a AstraZeneca na realização da pesquisa, vista como crucial para a aprovação da vacina pela FDA — o órgão regulador americano.
Os dados divulgados na segunda-feira foram baseados em 141 casos de Covid-19 registrados entre os participantes do estudo. Mas, segundo especialistas, parece ter havido um desentendimento entre a AstraZeneca e o comitê supervisor a respeito da interpretação dos resultados.
A pesquisa, feita para atender aos rígidos padrões da FDA, era para ter sido a porta de entrada da vacina britânica no mercado americano. Agora, o processo pode ter ficado ainda mais complicado.
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Anthony Fauci, que comanda o combate à pandemia nos Estados Unidos, disse ao jornal Financial Times que nunca tinha visto isso acontecer antes.