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    Jovens médicos que anteciparam formatura relatam desafios na luta contra a COVID

    Em todas as regiões do país, 1.045 estudantes de Medicina em fase final de curso obtiveram os diplomas para poder atuar no tratamento às vítimas do coronavírus

    Jovens médicos de todo o país que anteciparam a formatura para poderem atuar na linha de frente do combate à pandemia relatam os primeiros desafios da batalha contra o coronavírus e a emoção de salvar vidas.

    E a pouca experiência é superada pela vontade de ajudar, como afirma Maitê Gadelha, de 23 anos, que desde o último dia 21 trabalha na Policlínica Metropolitana de Belém, referência para o atendimento de pacientes com a COVID-19 na capital do Pará. “Apesar de saber que é um risco enorme e estamos muito expostas, está sendo muito bom ajudar e a gente sente que nosso trabalho está sendo importante”, disse.

    No dia 6 de abril, o Ministério da Educação (MEC) publicou portaria autorizando a formatura de alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia em caráter emergencial, enquanto durar a situação de emergência na saúde pública.

    Para antecipar a colação de grau, os alunos precisam ter cumprido 75% da carga horária para o internato médico ou estágio supervisionado. Em todas as regiões do país, 1.045 estudantes de Medicina em fase final de curso obtiveram os diplomas. E já vão para o front.

    Há dez dias no meio da intensa demanda causada pela pandemia em Belém, Maitê já se sente em casa. “Estou atuando como médica e também sou a responsável pelo gerenciamento das escalas de plantão. É muito trabalho mesmo, mas tem sido muito bom, todo mundo dando atenção aos pacientes e tentando se cuidar ao mesmo tempo.”

    Maitê e sua turma da Universidade Estadual do Pará (Uepa) se formariam no dia 30 de julho próximo, mas, por causa da pandemia, tiveram a formatura antecipada para 21 de abril. “Foi uma formatura sem festa e, infelizmente, meus familiares não puderam estar presente.”

    Além de organizar os plantões, ela faz consultas, prescreve medicações e dá plantões em maratonas de até 12 horas. Apesar dos riscos de estar quase o tempo todo em contato com os pacientes de coronavírus, Maitê se sente segura.

    A jovem esteve à frente da mobilização para antecipar a formatura dos estudantes de Medicina. O movimento, que atingiu 154 faculdades e 6,5 mil alunos, chegou ao MEC e resultou na graduação antecipada. A universidade do Pará foi uma das primeiras a aderir. “Da minha turma de 48 que se formaram, 45 estão trabalhando aqui na policlínica, dando plantões, ajudando a salvar pessoas”, afirma com orgulho.

    Expectativa

    Formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no último dia 24, o médico Aliecio Martinelli, de 26 anos, não vê a hora de ir para a linha de frente da pandemia. “Foi a forma mais inteligente de encarar este momento, senão a gente ficaria de mãos atadas, sem conseguir ajudar ninguém. Espero iniciar o trabalho nesta próxima semana. Tenho em mente trabalhar na triagem de casos de covid-19 em um hospital de campanha na cidade de Lages, fazendo a estabilização inicial, encaminhamento e internação quando for o caso.”

    Outra possibilidade é ir para Curupá, cidade pequena, ao norte do Estado. A prefeitura abriu edital para contratar em regime de emergência dois médicos, um para a estratégia de saúde da família, outro clínico-geral. Em todos os casos, o médico vai atuar na triagem e atendimento dos casos de coronavírus.

    “É o que mais está me interessando, enfrentar a pandemia, pois foi para isso que nos formamos. Sou do Paraná e o plano era voltar para lá, mas, com a pandemia, preferi ficar aqui. Como vou trabalhar com a doença, não quero correr o risco de levar a covid para meus pais.”

    Atuando em Santarém, no oeste do Pará, o médico Luiz Chaves, de 24 anos, se desdobra com os 18 colegas recém-formados pela Uepa em atendimentos no hospital de campanha da cidade, nos hospitais regional e municipal e ainda em uma unidade de pronto-atendimento.

    “Tem pessoas da nossa turma trabalhando em todos os setores e trabalhando muito, porque existem muitos plantões, temos médicos adoecendo. Ao mesmo tempo, a gente está muito feliz de ajudar a população”, conta o recém-formado. Chaves considera que o momento é único. “É o primeiro e talvez o maior desafio profissional de nossas vidas, mas a gente entrou com muita coragem, com muita vontade de vencer esta batalha. Que Deus nos ajude e nos dê forças.”

    A médica Annie Heike, de Florianópolis, colou grau no último dia 24, pela internet, com outros 45 alunos da UFSC. Na quinta-feira (30), estava no centro de Florianópolis, providenciando carimbos com seu registro no Conselho Regional de Medicina (CRM), ansiosa para iniciar o atendimento. A jovem se considera preparada para enfrentar a maratona de atendimentos.

    “Como médicos, temos uma grande responsabilidade, que fica potencializada com a pandemia. Cada atendimento ajuda a resolver as demandas da população no enfrentamento da pandemia e de demais enfermidades.” 

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