Campos Neto: inflação é imposto perverso que onera quem não pode se defender dela
Presidente do Banco Central participa nesta quarta-feira (27) de audiência na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a inflação é um “imposto perverso que onera quem não pode se defender dela”. Ele ainda afirmou a necessidade de ter cautela na queda dos juros no Brasil para não haver descontrole inflacionário.
Ao comparar com a situação econômica na Argentina, Campos Neto disse que nos próximos dias haverá nova divulgação da inflação no país vizinho com novo aumento no índice de preços, causando aumento na extrema pobreza.
“Países que têm surtos inflacionários têm aumento da pobreza e aumento da pobreza extrema. A inflação é um imposto perverso e que remunera quem tem recursos e onera quem não pode se defender dela”, afirmou durante audiência na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (27).
Para Campos Neto, a inflação está melhorando no mundo. “Em grande parte do mundo, não foi o caso da América Latina, o principal doi inflação de energia. A inflação de alimentos, apesar de no Brasil estar negativa, em outros lugares do mundo está aumentando.”
Sobre o IPCA-15, Campos Neto destaca que o índice, que veio com alta de 0,35% em setembro, foi “praticamente todo o preço da gasolina”. “O processo de inflação está em curso, mas requer políticas contracionistas”.
Em relação à expectativa para a inflação, o presidente do BC diz que parou de cair, mas está estável. E que, apesar de não estar no centro da meta ainda, vê que tem inflação ancorada para 2023, 2024 e 2025. “O reajuste da gasolina foi necessário que a Petrobras fizesse, mas se comparado aos outros países, o Brasil está entrando na meta.”
Campos Neto reforça que a inflação do Brasil está “até bem abaixo comparado com o mundo emergente”. E, comparado aos países desenvolvidos, “está bem melhor que foi no passado.”
Ele também considerou que manter a meta de inflação em 3,25% foi “muito acertada”. “Fez a inflação voltar para mais baixo, foi uma decisão muito acertada manter a meta. Ajudou no processo e para o BC começar o ciclo de cortes de juros”, disse.
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