Com mais de 90% das UTIs ocupadas, nove capitais estão em colapso na saúde
Levantamento feito pela CNN Brasil acompanha a evolução da disponibilidade de leitos de UTI; Porto Alegre e Porto Velho já ultrapassam 100% de ocupação
O Brasil enfrenta no primeiro trimestre de 2021 o pior momento da pandemia do coronavírus, que completou um ano no dia 26 de fevereiro. A crise se agrava com o aumento repentino no número de casos e mortes por Covid-19 na medida em que decai a disponibilidade de leitos de UTI e enfermaria para o tratamento de enfermos. De acordo com levantamento feito pela CNN, 9 capitais vivem colapsos na saúde pública por conta da escassez de leitos de internação.
As prefeituras consolidaram os dados de ocupação com adoção de critérios diferentes. Na soma de ocupação hospitalar nas redes pública e privada, Porto Alegre (100%), Fortaleza (91,69%) e Natal (91,60%) estão em colapso.
Ao considerar apenas a rede pública, Rio Branco (93,7%), São Luís (91,12%), Florianópolis (95,1%), Curitiba (93%), Goiânia (95,5%) e Porto Velho (100%), estão com as reservas de leitos sobrecarregadas e sem capacidade de realizar a rotatividade necessária para atender aos pacientes.
As capitais em colapso estão presentes em quatro regiões do país, com exceção do Sudeste — que já se aproxima da crise na rede pública do Rio de Janeiro, com 88% de ocupação dos leitos de UTI, e vive com o colapso instalado na rede de hospitais privados ou contratualizados de São Paulo, com 92%.
Especialistas ouvidos pela CNN explicam que o colapso de um sistema de saúde é definido pela relação entre a demanda de pacientes que buscam por internação e o número de leitos disponíveis, portanto, se a taxa de ocupação ultrapassar 90% a crise está em curso.
“As pessoas acabam ficando internadas muito tempo, isso colabora para piorar a situação, isso é o que determina o colapso da saúde, o número excessivo de casos de uma doença que interna muito e leva muita gente para a UTI”, disse Edison Luiz Durigon, professor titular de virologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista à CNN.
Na terça-feira (2), o país registrou o recorde de mortes diárias por Covid-19, ao todo foram 1.641 óbitos. Até o momento 257.361 brasileiros perderam a vida para a doença causada pelo novo coronavírus. O número de casos já rompeu a marca dos dois dígitos e atingiu 10.646.926.
Vídeo – Veja como está a ocupação de leitos na região Sul
Veja as capitais com ocupação em leitos de UTI acima de 80%, além do Distrito Federal:
- Manaus
- Rio Branco
- São Luís
- Florianópolis
- Curitiba
- Região metropolitana de João Pessoa:
- Rio de Janeiro
- Goiânia
- Porto Velho
- Recife
- Fortaleza
- Porto Alegre
- Salvador
- Natal
- Palmas
Confira a lista completa da ocupação dos leitos de internação nos estados:
Como a divulgação dos dados não é centralizada, cada estado divulga os números de ocupação de leitos de uma forma diferente.
Sul
Paraná
Ocupação leitos UTI rede pública: 92% (adulto) | 32% (pediátrico) | Enfermaria: 74% (adulto) | 38% (pediátrico) – atualização em 02/03
Curitiba
Ocupação de leitos de UTI SUS Covid-19: 93% – atualização em 03/03
Santa Catarina
Ocupação leitos UTI SUS: 94,4% (UTI adulto: 97,4% | UTI pediátrico: 64,3% | neonatal: 92,3%) – atualização em 02/03
Florianópolis
Ocupação de leitos UTI SUS: 95,1% (98,15% adulto | 80% pediátrico | 90,91% neonatal) – atualização em 02/03
Rio Grande do Sul
Leitos UTI Adulto: 99,3% (Taxa Geral – SUS+Privados) | Leitos UTI SUS: 90,3% | Leitos UTI privados: 126% | Leitos Covid-19 Clínicos: 67,2% – atualização em 03/03
Porto Alegre
Ocupação de leitos de UTI na rede pública e privada: 100,56% – atualização em 02/03
Sudeste
São Paulo
Ocupação Leitos UTI: Estado: 75.3% | Grande SP: 76,7% | Ocupação Leitos Enfermaria: Estado: 56,8% | Grande SP: 63,5% – atualização em 02/03
São Paulo (capital)
Taxa de Ocupação de UTI: 77% (Hospitais Municipais: 76% | Hospitais contratualizados: 92%) – atualização em 28/02
Rio de Janeiro
Ocupação UTI: 64,5% | Enfermaria: 42,90% – atualização em 02/03
Rio de Janeiro (capital)
UTI: 88% | Enfermaria: 65% – atualização 02/03
Minas Gerais
Ocupação UTI Covid SUS: 37,94% | Enfermaria Covid SUS: 12,22% – atualização em 02/03
*A taxa de ocupação geral de leitos de UTI SUS: 76,04% / Enfermaria SUS: 66,42%
Belo Horizonte (capital)
UTI Covid: 76,3% | Enfermaria Covid: 58% – atualização em 02/03
Espírito Santo
Ocupação leitos UTI Covid SUS: 75,36% | Enfermaria Covid: 64,71% – atualização em 02/03
Vitória e região metropolitana
UTI Covid SUS: 72,38% | Enfermaria Covid: 86,65%
Centro-Oeste*
*Não possui descrição da situação de todas as regiões
Distrito Federal
Ocupação de leito UTI COVID-19: 81,87% – atualização em 02/03
Mato Grosso do Sul
Ocupação Leitos públicos UTI adulto: 90% | Enfermaria público adulto: 43% | Privados UTI adulto: 80% | Privados enfermaria adulto: 68% – atualização em 01/03
Goiás
Ocupação UTI Covid SUS: 95,67% | Ocupação Enfermaria Covid: 81,46% – atualização em 02/03
Goiânia
UTI Covid SUS: 95,5% | Ocupação Enfermaria Covid: 97,32% – atualização em 03/03
Mato Grosso
Ocupação Leitos UTI SUS: 82,80% | Leitos Enfermaria: 28,02% | Leitos de UTI’s adultos contratualizados: 88,68% – atualização em 01/03
Nordeste*
*Não possui descrição da situação de todas as capitais
Bahia
Ocupação UTI adulto: 82% | UTI pediátrica: 67% | Enfermaria adulto: 65% | Enfermaria pediátrica: 82% – atualização em 03/03
Salvador
UTI adulto (públicos + contratualizados): 85% | Clínico adulto: 82% | UTI pediátrico: 63% | Clínico pediátrico: 86%. – atualização em 02/03
Alagoas
Ocupação UTI (leitos públicos + contratualizados): 72% | UTI Intermediária: 33% | Leitos clínicos: 56% – atualização em 03/03
Maceió
Ocupação UTI: 66% | UTI Intermediária: 47% | Leitos Clínicos: 62% – atualizado 01/03
Rio Grande do Norte
Ocupação leitos de UTI para Covid-19 (públicos + privados): 91,55% / Leitos clínicos: 75,23% – atualização em 03/03
Atenção: 15 hospitais com 100% de ocupação
Natal
Ocupação de leitos em 91,6% | Oeste: 97.6% | Seridó: 97,1% – atualização em 01/03
Ceará
UTI (público + contratualizados + privados): 90,52% (UTI adulto: 94,11%) | Enfermaria: 73,47% – atualização em 01/03
Fortaleza
UTI (público + contratualizados + privados): 91,69% (UTI adulto: 94,02%) | Enfermaria (adulto): 93,98% – atualização em 01/03
Pernambuco
Leitos de UTI público: 93% | Leitos de enfermaria público: 78% | Leitos de UTI privados: 89% | Leitos de enfermaria privados: 48% – atualização em 01/03
Recife
Leitos UTI SUS: 80,6% | Leitos enfermaria SUS: 61,6% – atualizado em 02/03
Piauí
Ocupação leitos de UTI (rede pública + privada): 75,8% | Ocupação leitos clínicos: 64,4% | Ocupação leitos de estabilização: 28,7% | Leitos com respirador (UTI+estabilização): 66,7% – atualização em 02/03
Teresina
Ocupação de leitos de UTI Covid (pública + privada): 76,5% – atualização em 27/02
Maranhão
Ocupação UTI exclusivo Covid SUS: 79,8% – Atualizado em 02/02
392 leitos no estado, 313 ocupados = 79,8 de ocupação
São Luís
Taxa de ocupação de Leitos de UTI exclusivos Covid-1: 91,12% – Atualizado em 03/02
Paraíba
Leitos de UTI do estado: 72% | Leitos enfermaria: 59% – atualização em 03/03
João Pessoa
Taxa de ocupação de leitos de UTI 87,4% – atualizado em 1/03
Sergipe
Taxa ocupação UTI Adulto público: 63% | 92,2% privado | Ocupação enfermaria público: 49,7% | 96,8% privado | Taxa leito UTI + UTI neonatal + clínico: 89,5% atualização em 02/03
Norte
Acre
Leitos UTI SUS: 92,5% | Leitos Clínicos SUS: 85,5% – atualização em 02/03
Rio Branco
Total UTI: 93,7% (Pronto Socorro: 86,7% | Hospital de Campanha: 98%) – Atualização em 2/3
Tocantins
UTI SUS: 84% | Enfermaria SUS: 59% – atualização em 03/03
Palmas
Taxa de Ocupação dos Leitos UTI COVID (públicos e contratualizados) 87,9% | – Atualização em 3/3
Rondônia
UTI adulto (público): 97,18% – atualização em 02/03
Porto Velho
UTI adulto (público): 100% – atualização em 02/03
Roraima
UTI adulto SUS: 80% | Semi intensiva adulto: 100% | Clínicos adulto: 76% – atualização em 1/02
Amazonas
Ocupação leitos UTI Covid (público + privado): 81,9% | Enfermaria Covid: 56,5% – atualização em 02/03
Manaus
Ocupação de leitos de UTI da rede pública: 86,03% | Leitos de UTI Covid-19 na rede privada: 73,30% – atualização em 2/03
Sala de emergência (sala vermelha) para pacientes graves de Covid-19 na rede pública: 38,16% | Sala de emergência (sala vermelha) para pacientes graves de Covid-19 na rede privada: 22,22%
Amapá
UTI adulto (público) 75,64% | UTI pediátrica (público) 75% | Clínico adulto 57,03% (público) | Clínico pediátrico (público) 50% – atualização 02/03
UTI adulto (privado) 70% | Clínico Adulto (privado) 66,07% – atualização 02/03
Pará
UTI adulto SUS: 81,91% | Enfermaria: 62,23% – atualização em 02/03
Belém
Leitos de UTI: 66,6% | Leitos clínicos: 94% – atualização em 02/03
(Com informações de Anna Gabriela Costa, da CNN, em São Paulo)