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    Fauci diz que e-mail minimizando uso de máscaras está sendo mal interpretado

    Principal cientista dos EUA no combate ao coronavírus, Anthony Fauci ressaltou que recomendações foram feitas com base em informações do início da pandemia

    O médico conselheiro da Casa Branca Anthony Fauci em audiência no Senado via teleconferência
    O médico conselheiro da Casa Branca Anthony Fauci em audiência no Senado via teleconferência Foto: Reprodução (12.mai.2020)

    Jacqueline Howard, CNN

    Em uma entrevista à CNN nesta quinta-feira (3), o pesquisador Anthony Fauci, principal cientista dos Estados Unidos no combate ao coronavírus, afirmou que um e-mail que recebeu no ano passado de um executivo da EcoHealth Alliance, organização não governamental norte-americana, foi mal interpretado. Fauci demonstrou ainda um certo arrependimento sobre um e-mail de fevereiro de 2020 minimizando a necessidade de usar máscaras.

    No início desta semana, veículos de notícias como CNN, BuzzFeed News e The Washington Post obtiveram milhares de e-mails que Fauci enviou e recebeu desde que o diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos se tornou um nome familiar no início de 2020.

    Em um e-mail enviado a Fauci no último abril, um executivo da EcoHealth Alliance, a organização sem fins lucrativos global que ajudou a financiar algumas pesquisas no Instituto de Virologia de Wuhan, da China, agradeceu a Fauci por declarar publicamente que as evidências científicas apoiam que o coronavírus tenha uma origem natural e não um vazamento de laboratório. (As origens do vírus permanecem incertas).

    “Alguns de seus críticos dizem que isso mostra que você tem um relacionamento muito íntimo com as pessoas por trás da pesquisa do laboratório de Wuhan”, disse John Berman da CNN a Fauci no jornal Novo Dia da CNN americana. “O que você acha disso?”

    “Isso é um absurdo”, respondeu Fauci. “Eu nem vejo como eles conseguiram isso com aquele e-mail”. Fauci então enfatizou que o e-mail foi enviado a ele, e que observou que as origens do coronavírus ainda são incertas.

    “Eu sempre disse, e direi hoje a você, John, que ainda acredito que a origem mais provável é de uma espécie animal para um humano, mas mantenho a mente absolutamente aberta para outras origens possíveis, pode ser outro motivo, pode ter sido um vazamento de laboratório”, disse Fauci a Berman.

    “Eu acredito que se você olhar historicamente, o que acontece na interface humano-animal, na verdade é mais provável que você esteja lidando com um ‘salto’ de uma espécie para outra. Mas eu mantenho a mente aberta o tempo todo. E é por isso que tenho tornado público que devemos continuar a procurar a origem”.

    “Você pode interpretar mal, da maneira que quiser – aquele e-mail era de uma pessoa para mim dizendo ‘obrigado’ por seja lá o que ela pensou que eu disse, e eu disse que acho que a origem mais provável é um salto de espécie. Ainda acho que é, ao mesmo tempo que mantenho a mente aberta de que pode ser um vazamento de laboratório“.

    Em outro e-mail enviado a Fauci em 16 de abril, o diretor dos Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), Francis Collins, escreveu “a teoria da conspiração ganha impulso”, uma referência desdenhosa à hipótese de vazamento em laboratório. Mas grande parte do e-mail é editado e Fauci disse que não se lembrava do conteúdo.

    “Eles receberam cerca de 10 mil e-mails meus, é claro que me lembro. Lembro-me de todos os 10 mil. Dá um tempo”, disse Fauci. “Não me lembro o que está escrito naquele texto, mas acho bastante rebuscada a ideia de que os chineses planejaram algo deliberadamente para que pudessem se matar assim como outras pessoas. Acho que isso é um pouco exagerado, John”.

    Berman também resgatou um e-mail de 5 de fevereiro de 2020, enviado por Fauci a Sylvia Burwell, ex-secretária do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, no qual ele não recomendava o uso de máscara, pois ela estava viajando para um local de baixo risco.

     O e-mail foi enviado em um momento antes do coronavírus ser declarado uma pandemia e antes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, aconselhar o público a usar máscaras para proteção.

    “Muita coisa aconteceu desde então. Se você tivesse que voltar e fazer tudo de novo, você diria a ela algo diferente? Você se arrepende disso?” Berman perguntou a Fauci.

    “Vamos cair na real – se você olhar para as informações científicas conforme elas se acumulam, o que está acontecendo em janeiro e fevereiro, o que você conhece como um fato, como dados, orienta o que você diz às pessoas e suas políticas. No caminhar de março, abril, maio, você acumula muito mais informações, modifica e ajusta sua opinião e sua recomendação com base na ciência atual e nos dados mais recentes”, disse Fauci a Berman.

    “Então, é claro, se soubéssemos naquela época que uma quantidade substancial de transmissão ocorreu a partir de pessoas assintomáticas. Se soubéssemos que os dados mostram que máscaras fora de um ambiente hospitalar realmente funcionam, quando não sabíamos então. Se percebermos todas essas coisas naquela época, é claro”, disse ele. “Você está fazendo uma pergunta: ‘Você faria algo diferente se soubesse o que sabe agora?’ Claro que as pessoas fariam. Isso é tão óbvio”.

    Eric Levenson, da CNN, contribuiu para esta reportagem.

    Este é um texto traduzido, para ler o original, em inglês, clique aqui.