Governo demorou para preparar indústria contra pandemia, dizem ex-ministros
Em entrevista à CNN, Alexandre Padilha e Ricardo Barros avaliaram as medidas tomadas contra a COVID-19 e a atuação do ministro Luiz Henrique Mandetta
O governo federal demorou para preparar a indústria nacional para produzir os insumos necessários para combater a pandemia do novo coronavírus, disseram neste sábado (4) à CNN os ex-ministros da Saúde e deputados federais Alexandre Padilha (PT-SP) e Ricardo Barros (PP-PR).
“O presidente da República acreditava até pouco tempo atrás que o coronavírus era uma fantasia”, disse Padilha. “O Ministério da Saúde e governo federal sabem do coronavírus desde o final de dezembro. Desde janeiro, a Organização Mundial da Saúde declarou a situação como emergência de saúde publica. Então desde o começo de janeiro deveria ter sido feita a aquisição, a contratação de leitos de UTI e outras ferramentas. A gente deveria ter proibido a exportação de máscaras e álcool em gel desde janeiro.”
Para Barros, que comandou o ministério na administração de Michel Temer (MDB), o governo deve colocar o parque industrial para produzir aquilo que mais precisamos. “Dificilmente vamos concorrer com as potências mundiais na compra daquilo que está sendo produzido na China, por exemplo. E também devemos nos preocupar em como recuperar a nossa economia”.
Padilha afirmou que o mais urgente no momento é colocar mais médicos nas unidades básicas de saúde e fazer mais testes. “Enquanto isso, devemos continuar em isolamento social”, disse o ex-ministro.
O deputado petista, que comandou o ministério da Saúde no governo Dilma Rousseff, disse ter críticas à gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM), mas reconheceu como correto o posicionamento da pasta em relação ao momento que estamos vivendo.
“Defendo a postura do ministério, inclusive diante de um verdadeiro terraplanismo sanitário, que é o que representa o presidente [Jair] Bolsonaro”, criticou.
Para Ricardo Barros, apesar de o Ministério da Saúde estar seguindo todas as recomendações da OMS, o Brasil precisa ter mais velocidade nos testes para que as estatísticas não fiquem prejudicadas.
Segundo o balanço divulgado neste sábado pelo Ministério da Saúde, o Brasil tem 432 mortes pela COVID-19 e 10.278 casos confirmados da doença.