Síndrome associada à Covid-19 já matou pelo menos 10 crianças no Brasil
Os relatos da SIMP-P descrevem manifestações caracterizadas por febre persistente e elevada, acompanhada de uma série de sintomas
Pernambuco registrou na tarde dessa terça-feira (25) a primeira morte pela da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), quadro possivelmente relacionado à Covid-19, que acomete crianças e adolescentes. O caso é de uma menina de 11 anos que morreu no final de junho em Recife. Segundo levantamento da CNN, com este o país totaliza pelo menos 127 diagnósticos confirmados da SIM-P e dez mortes pela doença.
Pernambuco soma outros oito casos de crianças com a síndrome. Sete já receberam alta e um paciente segue internado na enfermaria. Todos eles testaram positivo para o novo coronavírus. São quatro meninos e quatro meninas, com idades entre 4 e 13 anos.
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Os relatos da SIM-P descrevem manifestações caracterizadas por febre persistente e elevada, acompanhada de uma série de sintomas que podem incluir hipotensão (pressão baixa ou choque), comprometimento de múltiplos órgãos e elevados marcadores inflamatórios.
“É importante que todos os serviços de referência para pediatria no estado estejam atentos ao diagnóstico sindrômico para que haja a notificação desses casos da Síndrome Pediátrica, possivelmente pós-exposição à Covid-19”, destacou André Longo, secretário estadual de Saúde de Pernambuco.
Até 14 de agosto, o Brasil registrou, segundo o Ministério da Saúde, 117 confirmações da síndrome e nove mortes, sem contar o caso pernambucano.
O estado com o maior número de vítimas é, segundo a pasta, o Ceará (41 casos e 2 mortes), seguido pelo Rio de Janeiro (22 casos e 3 mortes); Pará (13 casos e 2 mortes); São Paulo (14 casos e 1 morte); Bahia (11 casos e 1 morte); Rio Grande do Norte (4 casos); Distrito Federal (4 casos); Pernambuco (5 casos) e Piauí (3 casos).
Além disso, Minas Gerais soma oito diagnósticos positivos para a doença, ainda não contabilizados pelo Ministério da Saúde, assim como outros quatro pacientes de Pernambuco.
Em entrevista à CNN, Marco Aurélio Safadi, presidente do departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e professor da Santa Casa de São Paulo, afirmou que a doença é uma complicação tardia da infecção pelo novo coronavírus.
“É uma síndrome rara e que foi, inicialmente, observada na Europa, EUA e acompanhamos alguns casos no Brasil. É uma complicação tardia da infecção, ou seja, não ocorre no momento em que as crianças contraem a Covid-19. Ela é uma manifestação que costuma ocorrer entre duas e três semanas posteriormente à infecção”, explicou.
O médico afirma que uma doença potencialmente grave, mas nem todos os casos evoluem para esse estágio. “É um fenômeno ainda raro associado à infecção e fruto de uma reação desequilibrada do nosso sistema imune”, concluiu.
(Com supervisão de Evelyne Lorenzetti)