Vacinação deve ser feita de maneira nacional, afirma diretor da SBI
Para o especialista, criar campanhas isoladas entre os estados pode gerar turismo vacinal e dificuldade de registro e uma série de efeitos adversos
O infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBI), Renato Kfouri, disse que a vacinação contra o novo coronavírus deve ser feita de maneira nacional. Em entrevista à CNN, neste sábado (12), ele comentou o Plano nacional de Imunização entregue pelo Ministério da Saúde ao Supremo.
Kfouri participou da elaboração do plano desde agosto e defende que o programa de vacinação somente será efetivo se for realizado a nível nacional. Para ele, não é justo para a população brasileira que haja briga política entre os estados por causa da vacina.
“Não é possível que cada estado compre a vacina e que criemos situações de diferentes qualidades no Brasil. Isso pode gerar turismo vacinal, dificuldade de registro, pessoas recebendo doses de diferentes produtores”, afirma. “Não vamos conhecer os efeitos adversos e surgirão diversos problemas.”
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Além do desafio de comunicação e centralização da campanha, outro ponto que, de acordo com o infectologista, requer bastante atenção é o estabelecimento de um cronograma e a definição dos grupos prioritários.
De acordo com o especialista, é difícil definir datas sem conhecer o produto, uma vez que, até o momento, nenhuma das vacinas solicitou registro na Anvisa.
Para definir a hierarquia de prioridade utilizada no plano nacional divulgado, foi analisado principalmente o risco de cada grupo, com atenção para idosos, profissionais da saúde, diabéticos e indígenas.
“A hierarquização foi feita com dados nacionais, nem sempre conseguimos importar automaticamente o que está acontecendo nos Estados Unidos ou Reino Unido”, afirma.
Outro ponto de destaque para o diretor é que os grupos de risco em muitas vezes se misturam. Isso é, há uma série de idosos que também são diabéticos, e muitos profissionais de saúde possuem mais de 60 anos.
Por fim, Kfouri afirma que ainda que o estudo seja um enorme desafio, o Brasil já possui bastante experiência em realizar campanhas de vacinação.
O plano nacional de imunização contra a Covid-19 foi divulgado em primeira mão pela CNN. De acordo com o documento de 95 páginas entregue ao STF, apenas o grupo prioritário exigirá 108 milhões de doses da vacina.