Brasil tem 127 mil testes para COVID-19 ainda pendentes de verificação
Menos de 4% dos testes adquiridos até o momento foram entregues
O Brasil realizou até o momento quase 63 mil testes para o novo coronavírus e tem 127 mil casos pendentes de verificação, informou o Ministério da Saúde nesta quinta-feira (9).
Diante da defasagem, o órgão fez um apelo às autoridades locais de saúde para que só façam testes dentro do protocolo estabelecido para não haver risco de uma escassez.
“Estamos distribuindo 320 mil testes. Temos 127 mil casos registrados no sistema para realizar a investigação, então, para essa semana e para a próxima temos uma folga. No entanto, é fundamental que este recurso seja bem administrado pelas secretarias estaduais”, disse o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira. “Se acabar o teste nós não temos como suprir imediatamente.”
De acordo com o planejamento da pasta, já foram adquiridos 22,9 milhões de testes, comprados ou doados. No entanto, só há previsão de entrega para aproximadamente 9,2 milhões desses. Os outros 13,7 milhões —quase 60% do total— não têm data para chegar.
Dos testes com entrega programada, apenas 904 mil foram recebidos até o momento —menos de 4% do número anunciado. A expectativa é que mais 525 mil cheguem até o fim de abril. A remessa integral só deve ser concluída no final de julho.
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Testagem é satisfatória, diz Ministério
O secretário-executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis, minimizou o desempenho da Coreia do Sul, considerada referência na aplicação de testes na população. “Estamos sendo questionados com relação ao número de testes. Qual o melhor país? Coreia do Sul? Não chegou a fazer 500 mil testes. Vamos fazer muito mais. Antes de criticar o que estamos fazendo, é legal comparar com os demais. A questão do teste é extremamente complexa. O que o Ministério da Saúde tem conseguido é motivo de satisfação”, disse.
Os testes em massa da população são uma necessidade vital para que o setor de saúde do país, público e privado, se planeje e organize uma estrutura capaz de atender os pacientes com suprimentos, leitos e apoio médico.
Subnotificação de casos
Até a tarde desta quinta, haviam sido registrados 17.857 casos e 941 mortes pela COVID-19 no Brasil. O secretário de Vigilância, Wanderson Oliveira, admitiu que os casos são subnotificados, ou seja, que o número real de infecções é maior do que mostra o boletim epidemiológico.
O número limitado de testes realizados até o momento é apontado pelo governo como um dos fatores responsáveis pela taxa de letalidade de 5,3% do país, superior a de países como a China (4,1%), onde o vírus surgiu, e dos Estados Unidos (3,2%).
No entanto, Oliveira disse que a subnotificação também existe para outras doenças e que não deve impactar o planejamento.
“Associado a isso, temos portaria que está para ser publicada falando da obrigatoriedade dos registros de internação. Então, juntando todos os elementos vamos buscar diminuir ao máximo”, disse ele.
Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo