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    China e UE buscam caminhos para reduzir tensão comercial

    Em visita à China, comissário europeu buscou estreitar laços para superar o que chamou de "encruzilhada"

    A China e a União Europeia concordaram em trocar informações sobre seus dados de exportação como parte dos esforços para reduzir a tensão comercial e geopolítica entre as partes.

    O comissário europeu para o Comércio, Valdis Dombrovskis, disse que a relação estava numa “encruzilhada” e que os exportadores do bloco precisavam de melhor acesso à segunda maior economia do mundo.

    “Nossa relação precisa ser reequilibrada para ser mutuamente benéfica, baseada na transparência, justiça, previsibilidade e reciprocidade. Estou satisfeito por termos feito progressos na resolução de algumas questões de acesso ao mercado”, disse Dombrovskis em comunicado.

    As duas partes também concordaram em melhorar a transparência em relação às cadeias de abastecimento de matérias-primas e consideram um novo “mecanismo” que facilite o processo, afirmou a Comissão Europeia na segunda-feira (25).

    Reforçar laços

    Dombrovskis está encerrando uma visita a Pequim, onde se encontrou com o vice-premiê chinês, He Lifeng, na segunda-feira.

    As duas partes trabalharão especificamente no fluxo de produtos agrícolas e bebidas alcoólicas, enquanto a China se comprometeu a resolver um “acúmulo de pedidos de licenças para fórmulas infantis”, afirmou a Comissão.

    Após a reunião, He disse que a China estava disposta a importar mais da UE e que esperava que a Europa eliminasse as restrições às exportações de produtos de alta tecnologia para a China.

    Os laços bilaterais se deterioraram recentemente, especialmente depois de a União Europeia ter lançado uma investigação sobre o apoio estatal da China aos fabricantes de veículos eléctricos (VE), à medida que as crescentes importações dos seus automóveis alimentam receios quanto ao futuro dos fabricantes de automóveis europeus.

    O Ministério do Comércio da China classificou a investigação como “descaradamente protecionista” no início de setembro.

    Horas antes da reunião com He na segunda-feira, Dombrovskis disse que as práticas comerciais da China forçaram a União Europeia a tornar-se mais assertiva nas suas relações com a segunda maior economia do mundo.

    “Estamos numa encruzilhada”, disse ele num discurso na Universidade de Tsinghua. “Podemos escolher um caminho para relações mutuamente benéficas. Um caminho que se baseie no comércio e no investimento abertos e justos… Ou podemos escolher um caminho que nos afaste lentamente.”

    Em 2022, o déficit comercial do bloco com a China atingiu 396 bilhões de euros (R$ 2,085 trilhões), o que foi “o mais alto da história da humanidade”, afirmou Jorge Toledo, embaixador da UE na China.

    Metade da dívida está relacionada a veículos e maquinaria, enquanto o restante soma bens manufaturados, produtos químicos e energia, de acordo com estatísticas da UE.

    Os veículos tornaram-se um ponto de discórdia fundamental, à medida que as crescentes importações de carros chineses abalam as montadoras europeias.

    Impactos da “encruzilhada”

    As tensões já sobrecarregaram as cadeias de abastecimento de tecnologia.

    A China recentemente impôs restrições à exportação de dois metais essenciais na produção de semicondutores, num alerta à Europa e aos Estados Unidos, depois de terem imposto restrições ao acesso da China a equipamentos avançados de fabricação de chips.

    Entretanto, as empresas europeias manifestaram preocupações sobre o ambiente operacional da China, temendo esteja se tornando mais político e imprevisível, disse Dombrovskis na terça-feira (26).

    O comissário europeu disse que a posição da China em relação à guerra na Ucrânia também afetava a imagem do país, não apenas para os consumidores europeus, mas também para as empresas que procuram investir.

    “É difícil para nós compreender a posição da China”, disse Dombrovskis aos jornalistas.

    Moscou tornou-se cada vez mais dependente de Pequim desde a invasão em grande escala da Ucrânia em 2022, com o comércio entre a Rússia e a China disparando em 2023. A China insistiu que é neutra e só quer a paz na Ucrânia.

    *Com informações de Laura He

    Veja também: Índia, Canadá, Alemanha e China vivem período de tensão

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