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    Distanciamento social reduz taxa de contágio por coronavírus em SP, diz pesquisa

    Diretor do Instituto Butantan deu detalhes de pesquisa sobre taxa de contágio da COVID-19 em São Paulo

    Da CNN, em São Paulo

    O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, explicou à CNN neste domingo (29) a pesquisa que mostra que as medidas de isolamento e distanciamento social têm surtido efeito para diminuir a velocidade de contaminação por coronavírus no estado de São Paulo e afirmou que isso retardará o avanço da doença.

    Segundo ele, a pesquisa analisou dados globais sobre a contaminação da COVID-19 e observou que o contágio diminuiu após o estado adotar o distanciamento. “O princípio básico é que uma pessoa transmite para outras. Isso se chama taxa de transmissão ou de contágio. Antes das medidas, logo no início da epidemia, a taxa era de uma pessoa transmitindo para seis pessoas, o que já explicava que teríamos um crescimento muito rápido da epidemia”, explicou ele. 

    “Com as medidas de afastamento social, a partir do dia 16 de março, nós continuamos fazendo essas avaliações dentro desse modelo, e, no dia 20 de março, essa taxa de contágio já era de um para três. No dia 25, de um para dois. Portanto, uma redução de mais de 50%, refletindo exatamente que as medidas de afastamento foram efetivas”, continuou. “Esses dados são para comprovar o óbvio, mas precisam ser demonstrados porque as pessoas têm dificuldade para entender”, completou.

    Covas ainda ressalta que o distanciamento é importante porque o vírus não é transmitido pelo ar, por exemplo, mas pelo contato com pessoas infectadas. “O vírus anda com as pessoas, não se transmite sozinho ou pelo ar, então se diminui circulação das pessoas, reduz a taxa de contágio na população”, disse.

    O especialista ainda destacou que nenhuma dessas medidas deve dar fim à epidemia, mas servem para atrasar a explosão de casos e evitar o colapso do sistema de saúde. “Essas medidas são realmente efetivas e que vão controlar a velocidade. Não vão acabar com a epidemia. A epidemia vai acontecer, ela está acontecendo. O que queremos é diminuir a velocidade de crescimento da epidemia, porque, veja bem, a primeira vítima, se não controlarmos essa curva, será o sistema de saúde – que será sobrecarregado com os pacientes, e não teremos capacidade de atender não só os com coronavírus, mas também os demais”, exemplifica.

    O atraso do avanço da COVID-19 ainda permitirá que as cidades e os estados se preparem e concluam, por exemplo, a construção de hospitais de campanha, a ativação de leitos, a compra de respiradores, o treinamento e a contratação de mais pessoas e médicos. “Precisamos colocar em atividade essa força para enfrentar [o vírus], então quanto mais lenta essa epidemia, mais vamos estar preparados”, pontuou.

    O modelo utilizado para o levantamento utiliza computação e modelos matemáticos, que, segundo o diretor do instituto, “são calculados a todo momento e vão descrevendo as tendências”. “Nós estamos verificando na prática a vitória da ciência, demostrando que ciência, medicina e sistema único de saúde são fundamentais”, declarou.

    Em uma reflexão final, Covas analisou as prioridades diante dessa nova perspectiva trazida pelo coronavírus. “Nos preparamos para uma guerra nuclear, mas não para uma guerra contra um vírus. Então temos aí uma grande lição para todos. Os países estão aprendendo isso duramente”. 

    E destacou a preocupação com a economia. “O Brasil está no começo da epidemia, então podemos aprender com os outros países e transportar para cá as práticas que foram efetivas lá. Nós não podemos ter dúvida e ficar discutindo coisas que são de menor importância. A vida é bem fundamental. Se não mantivermos a vida, não adianta pensar em economia, porque não teremos pessoas para fazer girar a economia”, observou. “O foco é o combate à epidemia, vamos controlá-la porque em consequência controlaremos o restante”, concluiu.

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