Chegou a hora de considerarmos o lockdown completo, defende infectologista
Especialista do Hospital das Clínicas afirma que é necessário mais ações do poder público para conter a circulação de pessoas em todo o país
O isolamento social ajudou no achatamento da curva de transmissão da Covid-19, mas o Brasil precisa considerar medidas mais rígidas para conter o avanço da doença, entre elas, o lockdown completo. É o que defende o infectologista Evaldo Stanislau do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Em entrevista à CNN neste sábado (9), Stanislau disse que é bastante difícil frear a curva de transmissão do novo coronavírus porque, além da complexidade do vírus, ainda há muita resistência das pessoas quanto ao isolamento social.
“O vírus é extramamente transmissível desde a fase de incubação e não existe nem vacina nem remédio para prevenção. Então é bastante difícil frear a curva [de transmissão], sobretudo se as pessoas não entenderem que a maneira mais eficaz para atingirmos esse objetivo é o distanciamento social”, explicou.
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Por isso, o médico infectologista é a favor da adoação de lockdown para o todo o país, mesmo com as distintas realidades de cada estado. “As pessoas precisam ficar longe uma das outras e a maneira coletiva que temos para fazer isso é o distanciamento social e eu diria até que já estamos num momento de considerar fortemente o lockdown, que é o afastamento social forçado e mais intenso.”
Stanislau também defendeu mais ações do poder público para a conter a circulação de pessoas. “[É possível usar] as torres de celulares para ver aonde está tendo acúmulo de pessoas e intensificar a fiscalização nesses lociais. Também pode disciplinar o uso dos estabelecimentos não-essenciais. A única e mais efetiva ação possível é aumentar o controle sobre a circulação das pessoas”, disse.
Quem já pegou Covid-19 precisa usar máscara?
O infectologista Evaldo Stanislau é categórico ao afirmar que o uso de máscaras é obrigatório inclusive para quem teve diagnóstico positivo para o novo coronavírus e já se recuperou. Segundo o especialista, a medida é um exemplo de cidadania.
“Eu já tive Covid-19 e estou recuperado, mesmo assim eu uso máscara, faço distanciamento social quando não estou trabalhando. Primeiro, para dar um exemplo. Não temos uma placa [em nosso peito] que diz ‘já tive a doença e estou imune’. Se as pessoas te verem na rua, vão achar que você não está respeitando e isso pode espalhar uma mensagem errada.”
Stanislau reforçou a importância dos equipamentos de proteção individual para combater a propagação do novo coronavírus. “A máscara é uma das ferramentas [de prevenção], mas não é a única e nem de longe é um passaporte para as pessoas se sentirem à vontade para circular por aí. Para que a máscara funcione é preciso que todos usem, mas tão ruim quanto não usar, é usar incorretamente porque você tem a falsa sensação de proteção.”