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    Novo coronavírus: seis coisas que sabemos após seis meses de pandemia

    Após ser declarada pandemia em março, a Covid-19 levou ao fechamento de fronteiras, ao confinamento da população e infectou mais de 30 milhões de pessoas

    Seis meses depois da declaração de pandemia, os cientistas sabem muito mais sobre o vírus e a doença que ele causa - a Covid-19
    Seis meses depois da declaração de pandemia, os cientistas sabem muito mais sobre o vírus e a doença que ele causa - a Covid-19 Foto: Fernando Zhiminaicela/Pixabay

    Da CNN, em São Paulo

    A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a disseminação do novo coronavírus como uma pandemia em 11 de março. A doença levou ao fechamento de fronteiras, ao confinamento da população mundial, infectou mais de 31 milhões de pessoas e matou mais de 969 mil em todo o mundo até agora, segundo dados atualizados em tempo real pela Universidade Johns Hopkins.

    Seis meses depois, os cientistas sabem muito mais sobre o vírus e a doença que ele causa – a Covid-19 -, e dezenas de estudos em todo o mundo estão em andamento para encontrar uma vacina. Além disso, alguns tratamentos foram aprovados para reduzir a mortalidade.

    Porém, enquanto não há cura ou vacina, o distanciamento físico, a lavagem das mãos e o uso de máscaras continuam sendo as principais armas da população contra o vírus, que causou efeitos sociais e econômicos devastadores.

    Veja, abaixo, seis fatos que aprendemos nesses seis meses em que a Covid-19 esteve no centro das atenções.

     

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    Muitas pessoas perderam o olfato com o novo coronavírus. Será que ele volta? 

    Sintomas podem durar mais tempo

    Já com a observação de milhões de casos, tanto o público quanto os especialistas estão aprendendo que os impactos do Covid-19 podem durar mais do que o esperado.

    O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos sugere que a maioria dos americanos com resultado positivo para o novo coronavírus deva estar apta a retornar ao trabalho ou à escola dez dias após o início dos sintomas, a menos que a doença requeira hospitalização.

    Uma nova pesquisa, porém, sugere que o vírus e seus sintomas muitas vezes estão longe de terminar nesse prazo.

    De acordo com um levantamento publicado no British Medical Journal, os pacientes podem precisar esperar mais de um mês antes de serem testados novamente para ver se eles eliminaram o vírus.

    Pesquisadores da Universidade de Modena estudaram 1.162 pacientes na Província de Reggio Emilia, na Itália, que tiveram resultado positivo para Covid-19, usando um teste de reação em cadeia da polimerase (PCR).

    Os pacientes foram retestados cerca de 15 dias após o primeiro diagnóstico, 14 dias após o segundo e 9 dias após o terceiro. Os pesquisadores definiram esses intervalos de tempo de acordo com as recomendações do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças.

    Cerca de 60% dos pacientes que se recuperaram tiveram resultados negativos para Covid-19 em seu primeiro teste de acompanhamento.

    Outro exame confirmou o resultado negativo em apenas 78,7% desses pacientes, o que a equipe diz sugerir que cerca de um em cada cinco testes negativos são falsos negativos.

    Segundo o estudo, isso pode significar que muitos ainda estão espalhando o vírus após o teste dar negativo e, sem saber, transmitindo a doença a outras pessoas.

     

    Efeitos colaterais podem interromper os testes de uma vacina

    Considerada uma das mais promissoras em teste, a vacina produzida pela farmacêutica AstraZeneca, em conjunto com pesquisadores da Universidade de Oxford, teve sua fase 3 interrompida após uma pessoa envolvida nas testagens apresentar uma reação adversa que exigiu investigação.

    Posteriormente, foram avaliados os dados do evento, casualidade e conjunto de dados de segurança do estudo. Os órgãos envolvidos decidiram, então, retomar os testes.

    Especialistas como o Dr. Anthony Fauci, imunologista da Casa Branca, afirmam que interromper os estudos de um novo medicamento faz parte do protocolo de segurança. 

    Em nota, a Universidade de Oxford afirmou estar comprometida com a segurança dos voluntários e com “os mais altos padrões de conduta”.

     

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    Tratamentos promissores

    A pandemia do novo coronavírus restringiu a circulação de grande parte do mundo, desencadeou uma crise econômica e de saúde, e agora os países se preocupam com novos surtos após ordens de reabertura.

    Ainda não existe vacina, que é a mais próxima de uma solução definitiva, mas já existem avanços e tratamentos promissores para amenizar os sintomas da Covid-19.

    Como exemplo podemos citar um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, que apontou a dexametasona, um esteroide barato e amplamente usado, como um “grande avanço” no combate à doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.

    Resultados mostraram que a dexametasona, que é usada para diminuir inflamações de outras doenças, reduziu as taxas de mortalidade em cerca de um terço entre pacientes de Covid-19 hospitalizados em estado grave.

    “Este é um resultado que mostra que, se pacientes que têm Covid-19 e estão ligados a ventiladores ou no oxigênio recebem dexametasona, isso salvará vidas, e o fará a um custo notavelmente baixo”, disse Martin Landray, professor da Universidade de Oxford e co-líder do teste conhecido como Recovery.

    Tecnologia para monitorar a doença

    Uma das maiores preocupações da população é: o que fazer se houver suspeita de que fui infectado?

    Diversos aplicativos e serviços tecnológicos foram desenvolvidos para ajudar na primeira análise da doença. Eles são importantes para tirar algumas dúvidas básicas, mas é importante que, ao sentir sintomas, seja procurada opinião médica.

    Um desses aplicativos foi introduzido pelo King’s College London e a Universidade de Harvard, o Covid Symptom Study, no qual os usuários podem relatar seu estado de saúde e sintomas diariamente.

    No caso de teste positivo para o novo coronavírus, eles também podem relatar sua evolução no aplicativo.

     

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    O ensino híbrido veio para ficar

    A flexibilização de diversos setores evidencia ainda mais a questão: quando será o momento de retonar às aulas presenciais para crianças e jovens brasileiros? Para Priscilla Cruz, presidente da ONG Todos Pela Educação, a decisão não pode esperar a chegada de uma vacina.

    Em entrevista à CNN, Priscilla disse que o futuro imunizante é um elemento incontrolável pela sociedade e, por isso, não pode ser o definidor do retorno seguro às salas de aula.

    “A vacina é um elemento que a gente não controla. Pode acontecer em alguns meses, ou, como a OMS já disse, somente em 2022 que poderá ser disponibilizada em larga escala. Não dá para imaginarmos que esse elemento é tão fixo na decisão da retomada das aulas presenciais”, ponderou.

    Segundo a especialista, a pandemia ainda está em alto patamar no Brasil, o que justifica a insegurança de pais e educadores em voltar às escolas. Por conta disso, Priscilla afirmou que novas modalidades de ensino ajudarão no retorno gradual do ensino, que deve acontecer o quanto antes para não prejudicar os alunos mais vulneráveis.

    “O ensino híbrido [misto de presencial e remoto] veio para ficar. Os professores que não estão no grupo de risco podem voltar antes daqueles que são grupo de risco. O que não dá é termos um indicador que está tão longe, tão fora do nosso controle, para uma decisão tão séria para a vida dessas crianças e jovens”, disse. 

     

    Líderes souberam anteriormente dos riscos do vírus

    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu, semanas antes da confirmação da primeira morte por Covid-19 nos Estados Unidos, saber que o novo coronavírus – que ele o minimizou repetidamente – era perigoso, transmissível pelo ar, altamente contagioso e “mais fatal do que as gripes mais extenuantes”.

    A informação é parte do novo livro do jornalista Bob Woodward, ‘Rage’ (Ira, em tradução livre). 

    “Essa é uma coisa mortal”, disse Trump a Woodward em 7 de fevereiro.

    Em uma série de entrevistas com Woodward, Trump revelou que ele tinha um nível surpreendente de detalhes sobre a ameaça do vírus antes do que se sabia. “Bastante impressionante”, disse Trump a Woodward, acrescentando que o novo coronavírus seria talvez cinco vezes “mais fatal” do que uma gripe. 

    As admissões de Trump fazem um contraste drástico com seus comentários públicos frequentes na época, que insistiam que o vírus “desapareceria” e “tudo ficaria bem”. 

     

    (Com informações da CNN en Español)