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    Quatro cidades do Rio já registram escassez de medicamentos para intubação

    Profissionais de saúde relatam aumentos de até 400% nos preços dos sedativos

    Stéfano Salles e Lucas Janone, da CNN, no Rio de Janeiro

    A alta demanda por tratamento contra o novo coronavírus no Rio de Janeiro faz com que hospitais públicos e privados do estado comecem a registrar escassez de medicamentos frequentemente utilizados em pacientes com Covid-19. O problema ocorre em pelo menos quatro municípios, que relataram a situação ao governo do estado por meio de suas secretarias municipais de Saúde.

    A situação, confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde, ocorre em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Paracambi, na Região Metropolitana, em Nova Friburgo, na Região Serrana, e Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Os fármacos fazem parte do chamado “kit intubação”, composto por três classes de medicamentos: analgésicos, hipnóticos e bloqueadores neuromusculares. Em algumas localidades, já há estoques zerados.

    Em Duque de Caxias, os últimos dias têm sido de escassez de sedativos. O Hospital Municipal São José é o que apresenta a pior situação na cidade. Procurada, a prefeitura admitiu que a unidade sofre com a falta de medicamentos após o aumento da demanda de pacientes com Covid-19 e respondeu, por meio de nota, que “vem trabalhando junto a direção de todas as unidades da rede municipal dedicadas ao enfrentamento e atendimento de pacientes de Covid-19, no sentido de garantir o atendimento e o abastecimento das mesmas”.

    O mesmo acontece em Paracambi. O município admitiu ter pedido ajuda ao governo do estado e espera a entrega dos insumos, principalmente para abastecer o Hospital Municipal Doutor Adalberto da Graça. Procurada, a prefeitura respondeu que a rede é de baixa e média complexidade, mas que abriu mais leitos com recursos próprios desde o início da pandemia de Covid-19. Por meio de nota, destacou ainda que “a falta de insumos para intubação é um problema que afeta todo o país, mas o município conta com materiais em estoque e está buscando solução para aquisição de novas remessas”.  O posicionamento informou também que, neste momento, não há pacientes intubados na rede municipal.

    UTI Covid-19
    Estrutura de hospitais com leitos de UTI e enfermaria para o tratamento da Covid-19
    Foto: CNN Brasil

     

    Em Nova Friburgo, segundo o documento enviado pela Secretaria Municipal de Saúde ao estado, não são apenas remédios que estão em falta na rede. Há ainda carência de profissionais de saúde, como médicos, além de camas hospitalares, colchões, insumos e equipamentos de proteção individual ao governo estadual. Procurada, a pasta admitiu ter solicitado 54 itens, 13 tipos de insumos e 41 de medicamentos, e explicou que o Hospital Municipal Raul Sertã está em colapso. Ele atende, além de Nova Friburgo, 13 cidades vizinhas, segundo o município.

    No entanto, apesar do agravamento da situação dos hospitais desses municípios, o estado registrou nesta terça-feira (13) a menor fila de espera por um leito de Covid-19 dos últimos 25 dias, de acordo com dados disponíveis no Painel Coronavírus Covid-19, da Secretaria de Estado de Saúde. No momento, 399 pessoas aguardam por uma vaga em hospital, sendo que 350 delas precisam de um leito de UTI.

    Procurada, a prefeitura de Campos dos Goytacazes não respondeu aos contatos feitos até o momento. A Secretaria de Estado de Saúde informou que busca alternativas viáveis para resolver o desabastecimento das unidades de saúde. Por meio de nota, informou ter entregue na última sexta-feira (9) medicamentos para 74 unidades de saúde, e que aderiu a uma ata do Ministério da Saúde para aquisição de medicamentos, que está em andamento um processo de compra para suprir as necessidades do estado pelos próximos três meses.

    Hospitais particulares no estado

    Na rede privada, profissionais também relataram a escassez de medicamentos para intubar pacientes com coronavírus. E denunciaram o aumento de preço para a aquisição de medicamentos necessários para o”kit intubação”.

    Para o médico Graccho Alvim, diretor da Associação de Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (Aherj), a situação é crítica e o aumento nos preços dos remédios atrapalha ainda mais a luta contra a doença. “Tem medicamentos com aumento registrado de 400%, um deles é a heparina, que atua impedindo a formação de coágulos sanguíneos”, explicou.

    Atualmente, a taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva no Rio é de aproximadamente 90% nos hospitais particulares.